Por: Eleny Vassão de Paula Aitken
- Ô vó, quando você vai fazer aqueles desenhos para a gente pintar? Você prometeu um urso panda para mim, e um carro para o meu irmão!
Mais uma vez, minha netinha de 5 anos conseguia arrancar-me das minhas correrias, compromissos importantes, planejamento de grandes eventos, para lembrar-me que lidar com as pessoas queridas é mais importante que correr atrás de coisas aparentemente grandes e urgentes.
As pessoas são importantes, as coisas urgentes nem sempre o são. Mas, se não tomarmos cuidado, elas clamarão pela nossa atenção, escravizando-nos, absorvendo-nos, interrompendo-nos em nossos afazeres diários e tirando nossa atenção daquilo que realmente importa: nesse caso, cumprir uma promessa feita aos meus netinhos. Um simples desenho, que lhes diz que eles são realmente importantes para mim.
Simples desenhos, pequenos detalhes, mas com grande significado. É interessante como Deus usa as coisas pequenas do dia a dia para chamar a nossa atenção para coisas muito importantes. Marta e Maria, duas irmãs tão queridas de Jesus, ilustram bem essa diferença entre o urgente e o importante. Entre deixar-se consumir pelo ativismo, ou parar para dar ouvidos ao Senhor, para então agir de maneira a produzir frutos duradouros.
Caminhando Jesus e os seus discípulos, chegaram a um povoado, onde certa mulher chamada Marta o recebeu em sua casa. Maria, sua irmã, ficou sentada aos pés do Senhor, ouvindo a sua palavra.
Marta, porém, estava ocupada com muito serviço. E, aproximando-se dele, perguntou: "Senhor, não te importas que minha irmã tenha me deixado sozinha com o serviço? Dize-lhe que me ajude!"
Respondeu-lhe o Senhor: "Marta! Marta! Você está preocupada e inquieta com muitas coisas; todavia apenas uma é necessária. Maria escolheu a boa parte, e esta não lhe será tirada" (Lc 10. 38-42).
Muitas vezes, só percebemos como estamos estressados quando, esgotados, somos forçados a parar e avaliar nossos alvos e preocupações. Então, percebemos como estávamos correndo de um lado para o outro, pensando que produzíamos muito, mas, ao chegarmos em casa, vemos o olhar de decepção por termos nos esquecido de algo pequeno, mas que, para nossos queridos, era tão importante.
Talvez estejamos tão imersos em nossos pensamentos e compromissos urgentes que nem sequer ouvimos as palavras e os gestos daqueles a quem mais dizemos amar.
Marta era a dona da casa, e foi ela quem convidou Jesus para entrar. Preocupada com o que ele pensaria sobre ela, corria de um lado para o outro como uma boneca de corda, agitada, procurando cuidar de todas as coisas que pudessem dar conforto ao seu hóspede, mostrando-lhe sua eficiência e domínio sobre seu trabalho. Mas havia algo mais.
Depois de sua reclamação sobre a atitude de Maria, sua irmã, que nada fazia além de assentar-se aos pés de Jesus para ouvi-lo, o problema de seu coração foi prontamente identificado por aquele que nos conhece desde que éramos substância ainda informe, no ventre de nossa mãe: Marta estava preocupada e inquieta.
Ao externar a ira que estava em seu interior, demonstrava que sua rotina era sempre "fazer", correr, demonstrar atividade..., mas seu coração estava longe das coisas mais importantes.
Estar preocupada quer dizer ser empurrada em diferentes direções. Por estar inquieta, seu coração estava cheio de barulho, tumultuado, e ela já não podia ouvir ou enxergar o quadro geral: a preocupação, a urgência em fazer sempre, e sem parar, roubara a sua perspectiva do que era realmente importante: estar com o Senhor.
O importante fora substituído pelo urgente: Marta vivia só "apagando fogo".
Quanto temos procurado "impressionar ao Senhor" com as nossas atividades, feitas em seu nome, em sua igreja, para seu povo? Será que podemos convencê-lo de que estamos realmente envolvidos na proclamação do seu Reino, para a sua glória? Então porque estamos sempre descontentes, e tão esgotados?
Será que não estamos tão preocupados com os nossos próprios conceitos e valores, cheios de perfeccionismo que, confiando demais em nós mesmos e em nossa própria capacidade em agradar ao Senhor, esquecemo-nos de nos aquietar aos pés dele para perguntar-lhe o que, para ele, é realmente importante?
Foi uma grande lição, para mim, poder conversar com Samuel, o missionário que há anos trabalhava na Colômbia. Depois de muitas predições e decretos de cura para seu câncer, quimioterapias, cirurgias e os tratamentos mais modernos, aquele precioso homem de Deus estava morrendo, num leito de hospital. Minha equipe de capelania e eu o acompanháramos em suas muitas internações.
Sentando-me junto ao seu leito, perguntei-lhe: "Samuel, como você está enfrentando esta situação? Como está sua cabeça diante de sua esposa e filhos tão pequenos? Como você se sente diante de sua missão, tendo plantado tantas igrejas em território tão hostil?"
Pensando profundamente, ele me respondeu: "Minha amiga, eu sou do Senhor, e ele sabe o que faz. Pelos meus planos, eu gostaria de ficar aqui, criar meus filhos, gozar da companhia da minha esposa, voltar para o campo, plantar novas igrejas... Mas o campo é do Senhor, e eu também. Ele sabe o que faz. Neste tempo de sofrimento, tenho olhado para cima, aquietado-me no colo do Senhor e desenvolvido um relacionamento tão íntimo com ele, o qual só seria possível continuar na eternidade".
Samuel estava, como Maria, assentado aos pés de Jesus. Não podia mais correr, planejar, fazer. Mas podia sentir a beleza do relacionamento que lhe trouxe paz e alegria até o último momento de sua vida. Ele descobriu o que é realmente importante. Seu testemunho mudo, sua reação diante da morte, gritou nos ouvidos da equipe de saúde. Em sua morte, sem pregações, talvez Samuel tenha falado mais de Cristo, produzido mais frutos, que em toda a sua vida.
Oro ao Senhor para que ele mesmo nos ensine a nos aquietar aos seus pés e a dar ouvidos à sua voz. Isso é o mais importante!
Agora vou fazer os desenhos para os meus netos!
Texto retirado do site: www.mundocristao.com.br
novembro 23, 2010
novembro 17, 2010
RELIGIÃO X ESPIRITUALIDADE
por Eduardo Rosa
"Há um espírito vivendo em nós – então, naturalmente, haverá espiritualidade."
Dizer que há uma diferença entre religião, espiritualidade e espiritualidade cristã já virou lugar-comum. Mas é sempre conveniente estabelecer os limites entre elas. A religião resulta sempre de um caldo de crenças, convicções, definições e marcos concretos capazes de definir com certa precisão quem são os de dentro e os de fora. Religião e cultura estão intrincadas de tal maneira que, em muitos casos, não se sabe onde começa uma e termina outra. Conquanto sua etimologia – a origem é o termo latino religare – proponha a conexão, o religamento com o divino, a religião nem sempre pode ser considerada um ponto de contato com Deus. A religião é uma codificação de Deus, e por isso se apoia no dogma. Na mais elementar observação, é justo afirmar ser a religião uma criação humana para se aproximar de Deus.
Já espiritualidade é uma expressão do espírito, dessa dimensão misteriosa do nosso ser; de algo em nós capaz de levar-nos para alguém fora de nós. Sim, há um espírito vivendo em nós – então, naturalmente, haverá espiritualidade. Ela não precisa ser criada; necessita, isto sim, ser cultivada, pois já existe como condição natural do ser humano. A espiritualidade não é resultante da cultura, embora aconteça sempre dentro de um contexto histórico. É fato que as barreiras culturais e religiosas são melhor transpostas pela via da espiritualidade. Neste sentido, enquanto a religião é sempre uma realidade doméstica, acontecendo no âmbito da familiaridade da casa e de seus moradores, a espiritualidade é “selvagem”; ela não se deixa conter pelo lugar, pelo rito, pelas pessoas. Antes, passa pela casa, mas habita mesmo o mistério e o desconhecido. A espiritualidade quer experimentar Deus sem a obsessão de defini-lo – por isso, ela se apoia não no dogma, mas na metáfora, que é plural nos seus significados. Na mais elementar observação, é justo afirmar ser a espiritualidade uma criação de Deus para se aproximar do ser humano.
A espiritualidade cristã afirma um Deus eternamente trino, mas historicamente se alicerça em Jesus. Eis a razão pela qual nesta espiritualidade a verdade não é um dogma, mas sim uma pessoa: “Disse Jesus, eu sou a verdade e a vida; ninguém vem ao pai sem mim” (João 14.6). O cerne da vida de Jesus era sua relação com o Pai por meio do Espírito Santo. Sua inquebrável conexão com o Pai dava-lhe a invejável tranquilidade de dormir na proa de um barco em meio a uma tempestade apavorante. Por tocar e ser tocado pelo Pai, o Filho de Deus conseguia tanto tocar em leprosos intocáveis como sentir o singular toque de alguém no meio de uma multidão de mãos; podia sentar-se para descansar na casa de suas amigas Marta e Maria e comer e beber na companhia daqueles com quem a religião não aconselhava a fazê-lo. Jesus é o verdadeiro religare, em quem o divino e o humano se unem no seu estado de plenitude.
Duas tragédias podem se abater sobre a espiritualidade cristã. A primeira é quando ela é domesticada por uma religião, ainda que se denomine cristã. Nesse caso, valores são substituídos por regras; comunidades, por templos; relacionamentos, por doutrina; fraternidade. por denominação; devoção, por liturgia; conversação, por pregação; adoração, por espetáculo; serviço, por poder; graça, por lei; entrega, por consumo; ovelhas, por lobos; e a pessoa viva de Jesus, pela pálida caricatura de um ídolo, seja visível ou invisível. A segunda tragédia é tratar a espiritualidade cristã como se fosse algo fluido, sem rosto, sem âncora. Embora não seja a única espiritualidade presente no mundo, aquela que nasce de Jesus tem contornos definidos. É mistério, mas também encarnação visível do Deus invisível. É inclusiva, aberta a todos – mas exige transformação de mente e coração de todos que aceitam caminhar por suas sendas. É fundamentada nas experiências e nos relacionamentos, buscando o encontro com o coração do Pai.
Esse tipo de espiritualidade, a cristã, não é dogmática, mas racional. Ela se afirma a partir de algumas definições que a fazem singular. Ela não se deixa conter por nenhum odre religioso, mas ao mesmo tempo permite-se reduzir a uma referência histórica. Confessa um Cristo cósmico, presente em toda a Criação, porém encarnado plena e unicamente na pessoa histórica de Jesus de Nazaré. Vivemos um momento no qual o desgaste da religião institucionalizada e a explosão de diferentes espiritualidades nos impõem um reencontro com os alicerces da espiritualidade vivida por Jesus. Um retorno ao ponto no qual o Filho disse que sua vontade consistia em fazer a vontade de seu Pai. Ao que o Pai replicou: “Este é o meu Filho amado, em quem eu tenho prazer”.
Texto retirado do site:www.cristianismohoje.com.br
"Há um espírito vivendo em nós – então, naturalmente, haverá espiritualidade."
Dizer que há uma diferença entre religião, espiritualidade e espiritualidade cristã já virou lugar-comum. Mas é sempre conveniente estabelecer os limites entre elas. A religião resulta sempre de um caldo de crenças, convicções, definições e marcos concretos capazes de definir com certa precisão quem são os de dentro e os de fora. Religião e cultura estão intrincadas de tal maneira que, em muitos casos, não se sabe onde começa uma e termina outra. Conquanto sua etimologia – a origem é o termo latino religare – proponha a conexão, o religamento com o divino, a religião nem sempre pode ser considerada um ponto de contato com Deus. A religião é uma codificação de Deus, e por isso se apoia no dogma. Na mais elementar observação, é justo afirmar ser a religião uma criação humana para se aproximar de Deus.
Já espiritualidade é uma expressão do espírito, dessa dimensão misteriosa do nosso ser; de algo em nós capaz de levar-nos para alguém fora de nós. Sim, há um espírito vivendo em nós – então, naturalmente, haverá espiritualidade. Ela não precisa ser criada; necessita, isto sim, ser cultivada, pois já existe como condição natural do ser humano. A espiritualidade não é resultante da cultura, embora aconteça sempre dentro de um contexto histórico. É fato que as barreiras culturais e religiosas são melhor transpostas pela via da espiritualidade. Neste sentido, enquanto a religião é sempre uma realidade doméstica, acontecendo no âmbito da familiaridade da casa e de seus moradores, a espiritualidade é “selvagem”; ela não se deixa conter pelo lugar, pelo rito, pelas pessoas. Antes, passa pela casa, mas habita mesmo o mistério e o desconhecido. A espiritualidade quer experimentar Deus sem a obsessão de defini-lo – por isso, ela se apoia não no dogma, mas na metáfora, que é plural nos seus significados. Na mais elementar observação, é justo afirmar ser a espiritualidade uma criação de Deus para se aproximar do ser humano.
A espiritualidade cristã afirma um Deus eternamente trino, mas historicamente se alicerça em Jesus. Eis a razão pela qual nesta espiritualidade a verdade não é um dogma, mas sim uma pessoa: “Disse Jesus, eu sou a verdade e a vida; ninguém vem ao pai sem mim” (João 14.6). O cerne da vida de Jesus era sua relação com o Pai por meio do Espírito Santo. Sua inquebrável conexão com o Pai dava-lhe a invejável tranquilidade de dormir na proa de um barco em meio a uma tempestade apavorante. Por tocar e ser tocado pelo Pai, o Filho de Deus conseguia tanto tocar em leprosos intocáveis como sentir o singular toque de alguém no meio de uma multidão de mãos; podia sentar-se para descansar na casa de suas amigas Marta e Maria e comer e beber na companhia daqueles com quem a religião não aconselhava a fazê-lo. Jesus é o verdadeiro religare, em quem o divino e o humano se unem no seu estado de plenitude.
Duas tragédias podem se abater sobre a espiritualidade cristã. A primeira é quando ela é domesticada por uma religião, ainda que se denomine cristã. Nesse caso, valores são substituídos por regras; comunidades, por templos; relacionamentos, por doutrina; fraternidade. por denominação; devoção, por liturgia; conversação, por pregação; adoração, por espetáculo; serviço, por poder; graça, por lei; entrega, por consumo; ovelhas, por lobos; e a pessoa viva de Jesus, pela pálida caricatura de um ídolo, seja visível ou invisível. A segunda tragédia é tratar a espiritualidade cristã como se fosse algo fluido, sem rosto, sem âncora. Embora não seja a única espiritualidade presente no mundo, aquela que nasce de Jesus tem contornos definidos. É mistério, mas também encarnação visível do Deus invisível. É inclusiva, aberta a todos – mas exige transformação de mente e coração de todos que aceitam caminhar por suas sendas. É fundamentada nas experiências e nos relacionamentos, buscando o encontro com o coração do Pai.
Esse tipo de espiritualidade, a cristã, não é dogmática, mas racional. Ela se afirma a partir de algumas definições que a fazem singular. Ela não se deixa conter por nenhum odre religioso, mas ao mesmo tempo permite-se reduzir a uma referência histórica. Confessa um Cristo cósmico, presente em toda a Criação, porém encarnado plena e unicamente na pessoa histórica de Jesus de Nazaré. Vivemos um momento no qual o desgaste da religião institucionalizada e a explosão de diferentes espiritualidades nos impõem um reencontro com os alicerces da espiritualidade vivida por Jesus. Um retorno ao ponto no qual o Filho disse que sua vontade consistia em fazer a vontade de seu Pai. Ao que o Pai replicou: “Este é o meu Filho amado, em quem eu tenho prazer”.
Texto retirado do site:www.cristianismohoje.com.br
ESTÁGIO NÍVEL 1
Você que fez o curso de Capelania Nível 1 e ainda não fez estágio,por favor entre em contato através do email:acaherj@gmail.com para que possamos agendar para início de 2011.
I Seminário Nacional de Espiritualidade em Câncer
Data
14 de dezembro de 2010
Publico-alvo
é aberto a todos os públicos
Local
Auditório Moacyr Santos Silva
Hospital do Câncer I – 8º andar
Praça da Cruz Vermelha 23 – Centro Rio de Janeiro – RJ
Inscrições
9 de novembro a 10 de dezembro no sítio do INCA: www.inca.gov.br
Vagas
Público interno - 115 vagas - sem taxa
Público externo – 115 vagas - sem taxa
Programa Preliminar
8h15 – 8h45 Coffee Break
8h45 – 9h05 Abertura
Dr. Luiz Antônio Santini – Diretor do Instituto Nacional de Câncer
Dr. Paulo de Biase - Diretor do Hospital do Câncer I
Dra. Cláudia Naylor - Diretora do Hospital do Câncer IV
9h05 – 9h20 Apresentação musical com o maestro Antônio Pedro Almeida
9h20 – 10h Dimensão Espiritual no Suporte ao Paciente com Câncer
Palestrante: Eleny Vassão de Paula Aitken
10h – 10h20 Sobre a Morte e o Morrer
Palestrante: Alcindo Miguel Martins
10:40 – 11:20 Marketing e Espiritualidade
Palestrante: Heloísa Leite
11h20 – 12h Mesa Redonda: Implantação da Capelania em Diferentes Segmentos da Saúde
Mesa Redonda
Componentes: Cláudia Naylor, Padre Paulo Celso e Eleny Vassão
12h – 13h Almoço
13h – 13h40 Harmonia da Arte: Construção do Belo como Elemento da Saúde
Palestrante: Vera Lúcia da Silva
13h40 – 14h20 Potências da Alma: Desenvolvimento da Saúde diante da ciência e do poder incomparável do Amor
Palestrante: Gerson Simões Monteiro
14h20 – 15h Apresentação musical com o violonista Turíbio Santos
Palestrante: Vera Lúcia da Silva
15:00 – 15:20 Coffe Break
15:20 – 16:00 Dores que nos Transformam
Palestrante: Dom Orani João Tempesta
Organização
Coordenação de Educação
Mais informações
Coordenação de Educação/INCA
Secretaria Acadêmica
Tel.: (0XX21)3970-7846
E-mail: lbsantos@inca.gov.br
novembro 02, 2010
Assinar:
Postagens (Atom)