2a. Palestra - Retiro Espiritual +VIDA
Preletor: Pr Henrique Araujo
A eternidade de Deus e a finitude humana (transcrição)
Ec 3.1-11 → “Deus pôs a eternidade no coração do homem”.
Termo olam (eternidade ou duração). Proposta desta eternidade do texto, não é da eternidade na perspectiva neotestamentária de vida eterna. A perspectiva de eternidade antes do período interbiblico era um propósito mais de duração. Contrapor a duração, uma linha um pouco mais divina, em relação à finitude humana. O homem tem uma duração maior que um animal (linha de durabilidade maior).Então, ele pode ficar tranquilo, que as coisas vão acontecer no seu tempo, não se afobe. Há um tempo nesta linha de duração para acontecer cada uma dessas coisas. Tudo tem o seu tempo. Na linha de duração da vida do homem, há ocasiões de tempo surgirão para se discernir o que se deve fazer em cada momento.
A eternidade é ausência de tempo ou tempo sem fim? Depende da perspectiva, como regeneração (novo nascimento, entrada de Deus na vida do homem) e conversão (o homem virando em relação a Deus)
Natureza divina → Deus não é limitado ao tempo
Agostinho →Deus estaria num momento eterno, em que consegue ver presente, passado e futuro, ao mesmo tempo. Para ele o tempo é uma sucessão de momentos.
Presente – tempo que é, mas, não será para sempre
Passado – tempo que já não é mais
Futuro – tempo que ainda não é
Podemos trazer o presente ao nosso presente por meio da vista, o passado por meio da memória, o futuro, por meio da imaginação. Então, todos os tempos, podem estar presentes no presente.
Na perspectiva de Deus, ele consegue observar a nossa vida que passou agora, pode tocar em alguém que passou por um grande trauma e ministrar uma cura interior (mágoa). Deus pode levantar um profeta e trazer esclarecimentos sobre um tempo futuro, numa profecia preditiva.
Deus é atemporal, mas, age na intratemporalidade, age dentro do tempo.
Coisa criada → entende a eternidade como tempo sem fim, vamos passar desse século, para o século vindouro. Se temos uma dimensão espacial, estamos sujeitos a dimensão tempo.
Quando a eternidade entra no tempo?
Salomão foi um grande cientista (observador), acurado na visão. Lança uma tese central: TUDO PASSA. Tudo é vaidade, efêmero, transitório
Salomão tem um problema: vi que tudo passa, mas, estou olhando para o meu filho Roboão, que não transparece ter tanta sabedoria como eu tenho. Plantei, reguei e vai ter alguém que via ficar com tudo que eu produzi e não tem sabedoria para administrar o império que foi construído. Não aquiesce aos conselhos dos sábios e sim aos dos jovens para o seu discurso político. 10 tribos rompem, somente duas ficam ...
Ec 2. 18 → aflição de espírito, preocupação
Todas as coisas tem o seu tempo na linha da duração da vida. Aproveitar nesta linha de duração, as ocasiões dadas por Deus. O tempo é contrastado com a eternidade na perspectiva de momento, em relação à duração. O tempo é visto como momento que passa. Eternidade é vista, como uma duração prolongada. Existe um momento específico para realização de coisas na vida, na linha de duração da vida, porém por mais que o homem tenha o seu tempo de duração, Deus é maior.
Deus colocou o olam no coração humano, houve uma inserção do eterno, no temporal que convida a criação cronológica a atentar para os kairós de Deus
Kronos-olam →Deus dá uma duração de vida. Nessa duração vem o Kairós (tempo divino), a oportunidade. Na linha da eternidade, da duração de vida, um bocado de momentos Deus dá ocasiões de fazer (Seminário, ordenação pastoral, conversão de ente querido). São Kairós, no meio do kronos. O que fazer com isso?
Aparentemente, a nossa linha reta é o kronos (duração de tempo da nossa vida). Nesse kronos, vários momentos vão vir do kairós de Deus. Na linha do kronos, surgem oportunidade, ocasiões. Atentar para os kairós que vão fazer grande diferença na nossa vida
Se Deus é eterno, e é. E a criação é temporal, esteja atento aos prazos de validade (kairós de Deus).Deus nos dá tempo para fazer algumas coisas, ex: Seminário (O tempo no trabalho permite, o tempo em casa, para fazer naquele tempo, naquele momento). Há momentos na nossa vida que Deus abre janelas para retermos aquela oportunidade, naquele tempo, e deixamos o kairós de Deus passar ...
Na confluência entre kronos e kairós, não perca o prazo de validade. Deus nos dá um período de tempo em que devemos dizer SIM, porque depois vamos querer fazer e não vai poder fazer, porque o tempo não volta.
Deus traz momentos na nossa vida. Há prazos determinados por Deus para fazermos algumas coisas na vida. Que não deixemos passar esses prazos que Deus nos dá para fazermos algumas coisas, de 3 formas:
1ª Atente para o prazo de validade, sendo fiel ao prazo dado por Deus
•Nm 25. 6 -11 → Moisés recalcitrou, Finéias fez a vontade de Deus, zelou o zelo de Deus, tempo de uma açõa executa a ação ordenada por Deus, • Gn. 19.26 → Ló tinha que sair imediatamente, • Js. 13.1 → Josué não conquista a terra no período em que era para conquistar,• Jz 19 → levita proclastinador, 65 mil pessoas morrem por sua causa, guerra civil.
Há um tempo para fazermos algumas obras, algumas coisas que o Senhor colocou em nossas mãos, que precisamos cumprir em tempos determinados dados por Deus. Ter atenção às coisas que é para fazer em determinado tempo e lugar.Ouvir a voz de Deus para discernir tempo e momento.
Requer dispenseiro → 2 Co 4.2 → O dispenseiro é o que tem a chave da dispensa, tem a chave da comida, pega a comida e a apresenta à pessoa que irá ingerir o alimento. Espera-se fidelidade do dispenseiro em abrir a porta no tempo certo, apresentar o alimento certo, prazo de validade correto.Estar atento ao tempo de Deus, ao prazo de validade, entendendo que o nosso tempo também muda, em 9 meses o conhecimento é considerado obsoleto. Não ficar puxando termos arcaicos “no meu tempo” .... Atentar para as coisas novas de Deus para a nossa época. Não dá comida com prazo de validade estragada (tempo passado). Buscar o que é de Deus para aquele tempo quando transmitimos as coisas para as pessoas, porque Deus tem coisas novas a cada dia, a cada instante. Deus tem na sua palavra mistérios ocultos, profundos para descobrirmos, entendermos o nosso tempo, buscarmos o que Deus quer para este povo hoje, de que maneira Deus quer que conduzamos este povo rumo ao seu propósito. Mas, precisamos entender, que ao kairós de Deus para este tempo em que ele reservou para você (2013, no Brasil). Tem algo de Deus para nossa vida no lugar que estamos neste tempo mas, precisamos entender o que Deus quer para este tempo através da nossa vida para abençoar o lugar que estamos
Agostinho → “O tempo nunca pede um tempo”. O tempo passa. Entender o que Deus quer neste tempo, sendo fiel ao prazo dado por Deus. Aproveitar a vida buscando de Deus o que ele tem para nós neste tempo, mergulhado com toda intensidade, no tempo presente.
2ª Atente para o prazo de validade fazendo as coisas no tempo certo
Fazer dentro do tempo estabelecido por Deus e ENTENDER qual é o período certo. Há um tempo para todas as coisas. Há tempo de calar, e tempo de falar, tempo de saber o que, e tempo de como fazer.
O QUE VOCÊ ESTÁ FAZENDO AGORA É O QUE DEUS QUERIA QUE VOCÊ ESTIVESSE FAZENDO NESSE MOMENTO? Se NÃO, podemos redimensionar nossas vidas, tomar ATITUDES. Pensamos que são respostas que resolvem os problemas, mas, não são respostas, são atitudes que resolvem os problemas.
“Não é o que as pessoas fazem com você que determina o que você é, mas, o que determina o que você é, é o que você faz com aquilo que as pessoas fazem com você”. Sartre
Que atitudes vamos tomar? Esta é a questão que vai determinar nossas vidas
Apenas 1/3 do mundo comemora o ano- novo na nossa data. O ano-novo não precisa começar em 1 de janeiro, pode começar hoje, de estar no lugar que Deus quer, fazendo o que Deus quer, porque o que estou fazendo hoje é deslocado da vontade de Deus
Ester – recalcitrante em ajudar os judeus. Mardoqueu (indo embora) → “Quem sabe se não foi para tempo tal como este que chegaste a este reino”? Não responde ... Pensa ...
Ec. 8.5 – O coração do sábio discernirá o tempo e o modo, porque para todo propósito existe um tempo e um modo. As coisas de Deus não devem só ser feitas no tempo de Deus, mas, devem ser feitas no modo de Deus
George Muller quando não sabia o que fazer, deixava o coração neutro por umas 3 semanas, orando, pedindo a Deus: exima-me da minha vontade, e quando sentia que estava neutro, falava: Pai, agora coloca a Tua vontade em mim, p/ q/ eu discirna o que fazer
VOCÊ ESTÁ FAZENDO O QUE DEUS GOSTARIA QUE ESTIVESSE FAZENDO NESTE MOMENTO?
Jesus e a cura → o Espírito de Deus estava sobre Jesus. Porque Jesus curou a todos e nós, mesmo cheios do Espírito Santo em algumas ocasiões não conseguimos curar a todos?
Teoria ( Pr. Henrique) → Jesus sempre andava no tempo e no modo de Deus, no tempo perfeito de Deus, e por isso curou a todos. Na cura, existe a vontade do Pai, o tempo e o propósito de Deus. Jesus vivia em perfeita sintonia com o Pai. Sabia o tempo e o momento perfeito em ir. Jesus chega no tempo e modo perfeito. O poder de Deus se manifestava para a cura porque ele sempre estava ciente do propósito perfeito do Pai. O tempo era o tempo da cura naquela vida. Jo 9 (cego de nascença- manifestação das obras de Deus). Jesus sempre caminhava no tempo. Desejamos a cura, mas, nem sempre sabemos o tempo e o propósito de Deus. Devemos orar pela cura, mas, às vezes não é o tempo/propósito de Deus naquele momento.
Mt.8.29 (gadareno) “Vieste nos atormentar antes do tempo”? Não era antes do tempo, era no tempo perfeito
“Se eu for curado, os irmãos verão a glória de Deus, e seu eu não for curado, eu verei a glória de Deus”. Mauro Israel (falecido há 10 anos). Viveu vitoriosamente com Cristo.
Aqueles que gastam mal o seu tempo, são os primeiros a queixar-se de sua brevidade. Tem muita gente que deixa o tempo passar O tempo está diante de si, e muitas vezes se diz: não dá tempo, não dá tempo, não dá tempo... Não reclame do tempo. Nunca diga: não tenho tempo, mas, diga: não soube me organizar direito com o tempo que Deus me deu
3ª Atente para o prazo de validade, aguardando pacientemente o cumprimento da promessa
No tempo perfeito o Messias chega. Na linha de duração de tempo, o kairós de Deus vai se manifestar.
“Muitos dos fracassos da vida acontecem porque as pessoas não perceberam quão próximas estavam do sucesso no momento em que desistiram”. Thomas Edson
NÃO DESISTA! Se Deus prometeu, e ele disse que na linha do kronos vai acontecer, no kairós, no tempo de Deus, a ocasião de Deus virá. Quando ela vir, segure!A oportunidade chegará.
Não procure alguém para você casar, a pessoa que você procura está no caminho de Deus. Ande no caminho de Deus. No caminho, você vai encontrar a pessoa. Não procure a pessoa, vá no caminho, a pessoa está no caminho. Continue no caminho. O que você procura está no caminho.No caminho do kronos, virão os kairós de Deus, mas, não o deixe passar.
Kairós do casamento, kairós da cultura, kairós de família, vários kairós de Deus
Conclusão:
Salomão para, pensa e diz: depende do Senhor
“A melhor maneira que a gente tem de fazer possível amanhã, alguma coisa que não é possível de ser feita hoje, é fazer aquilo que poder ser feito hoje. Mas, se eu não fizer hoje, o que hoje pode ser feito, e tentar fazer hoje o que hoje não poder ser feito, dificilmente, eu faço amanhã o que hoje, também, não pude fazer”. Paulo Freire
“O tempo é muito lento para os que esperam. Muito rápido para os que tem medo
Muito longo para os que lamentam. Muito curto para os que festejam. Mas, para os que amam, o tempo é eterno”. William S.
Tilich – No amor não há decisões erradas, quando a decisão é feita em amor.
Não sabe o que fazer, ame, ame a Deus e ao próximo.Você vai encontrar o que fazer, você vai saber o que fazer. Está em dúvidas do que fazer, ame a Deus de todo o coração, você vai ter o esclarecimento de Deus. Você saberá o que fazer. Mas, nesta linha do tempo, não se afobe, mas também, não deixe a oportunidade passar. Esteja atento ao que é para você fazer e retenha a oportunidade no tempo de Deus, em nome de Jesus!
Pai bendito, a Escritura declara que o Senhor colocou a eternidade no coração do homem.Nós te louvamos porque Tu plantas tantas coisas em nós, em nosso coração. Faz-nos a tua imagem e semelhança. Mas, muitas vezes nos dilemas da vida agimos com insensatez deixando as oportunidades (kairós) seus passarem sobre as nossas vidas, e não retemos aquelas oportunidades.
Queremos lhe pedir Pai, que neste kronos na linha de tempo de cada um, que as ocasiões e oportunidades que tem dado, que o Senhor traga também discernimento, sabedoria e entendimento, para saber o que fazer em cada tempo e em que tempo fazer aquilo que delegaste para que cada um fizesse.
Se alguém de alguma maneira tem se sentido deslocado, Pai, fora de estar fazendo aquilo que era para fazer neste tempo. Nós queremos lhe pedir Pai, traz luzes, traz entendimento, para que essa pessoa refletindo, buscando orientação Tua reinicie o seu ano hoje, tome a atitude que dela o Senhor espera, para estar reencaixando-se na ocasião, na oportunidade, naquilo que queres que essa pessoa faça neste tempo hoje, Pai. Faz tua vontade em nós, e te daremos a honra a glória e o louvor, em nome de Jesus, Amém!
Jesus plano melhor, nunca chega atrasado / Sua hora é perfeita, sua maneira a mais linda Seja feita a Tua vontade, eu só quero a sua vontade / Assim na terra, como nos céus
Acontecerá, o tempo certo se concretizará em sua vida, acalma mais um pouco, porque Deus vai concretizar aquilo que prometeu, em nome de Jesus!
dezembro 03, 2013
A ETERNIDADE REFLETIDA ATRAVÉS DA GRAÇA DIVINA Ec. 3:11
PRIMEIRO RETIRO ESPIRITUAL +VIDA
"...Deus pôs a eternidade no coração do homem..." Ec. 3:11
A ETERNIDADE REFLETIDA ATRAVÉS DA GRAÇA DIVINA (transcrição)
1a. PALESTRA: Pr Neander kraul
Ponto de partida: Ec.3.11
Paradoxo: Salomão começou bem e terminou mal. Dificuldades de compreender uma série de elementos da realidade da vida. Reflete sobre a questão do tempo.
Luciano Lopes (primeiro cristão a se envolver na política e educação no Brasil). Recitava um poema de Laurindo Rabelo: O tempo. “A conta e o tempo. Fazer conta do tempo e não ter tempo para fazer conta”.
Ec 3.11 → dois extremos do tempo: principio e fim
Bíblia: dois livros que começam com a expressão “no princípio”. Gênesis (AT) João (NT)
Cuidado de Deus no apontar dos pontos de referência.
Físico inglês (atrofiado) → teoria do Big Ben (Uma breve história do tempo). Universo como fruto de uma grande explosão. Teve um início ... Abortaria a noção criacionista.
Êxodo 20 → Dez mandamentos → 3 primeiros dizem respeito ao ETERNO (DEUS)
1º mandamento: Testemunho da Singularidade de Deus
2º mandamento: Testemunho da Incomparabilidade de Deus
3º mandamento: Testemunho da Santidade de Deus
4º mandamento: Deus não fala de um dia, e sim de 1 ciclo de dias, do tempo.
O TEMPO É SANTO. Estamos limitados e circunscritos pelo tempo. Deus nos pedirá conta do tempo.
5º ao 10º mandamento → referências vinculadas ao ser humano
Elemento que distingue o eterno do temporal, o humano do divino: O TEMPOO tempo não afeta em nada a Deus, só a nós. “O tempo nos faz humanos”. (Pr. Neader) O que nos governa de alguma maneira é o tempo. O tempo que nos faz ficar velhos. O tempo é irrecuperável. O tempo perdido não se recupera. Podemos fazer tardiamente o que era para ter sido feito antes, se Deus der chance.
HERÁCLITO →” Não é o mesmo rio que passa debaixo de uma ponte duas vezes, é um rio diferente, a água é outra ..”
Lidamos com uma grandeza que não paramos para refletir em profundidade. A Biblia é rica e plena de expressões sobre o tempo ... Enquanto vivermos, façamos o bem a todos
O tempo é uma determinante e Deus está fora dele. Para Deus 1 dia é como 1000 anos. Para nós, a vida passa como um breve pensamento ...
Num dado momento/ponto da eternidade, na “plenitude da eternidade”, Deus criou o tempo (grandeza que nos limita) e o ser humano. O pecado muda a história do tempo. O tempo sem o pecado seria diferente do tempo com o pecado (como é hoje). Deus conversava com Adão e Eva, na viração do dia (contato direto com o homem). Entrava no tempo de uma maneira diferente. Com o pecado entrando no mundo, Deus foi expulso do tempo.
Gl 4.1-7 → Na plenitude do tempo, Deus entra no tempo, na história e entra com um propósito. Nova entrada de Deus no tempo. Mesmo no mundo do pecado, Deus conduz a história. Momento propício (mundo todo) → Governo político, acessos disponíveis, língua e cultura que predominam, Deus então, resolve entrar no tempo.
SALVAÇÃO → reentrada de Deus no tempo para agir de maneira IMPRESSIONANTEMENTE bela. Deus faz um novo principio (João), não da eternidade para o tempo, mas, do tempo para a eternidade. Mão inversa. Mergulha no tempo, na pessoa de Cristo, para do tempo ter uma saída eterna (VIDA ETERNA). Grande engenharia espiritual. Sair da história, vencendo a morte, para entrar na eternidade. Garantir novamente o acesso que teríamos originalmente (VIDA PLENA).
GRAÇA→ pode ser apropriada em 3 dimensões:
1ª Graça comum → o sol nasce sob justo e injustos, a beleza do planeta e usufruida por pagãos e crentes, a chuva abençoa a toda humanidade. Rm 1 → Testemunho que Deus existe, é real, presente, criou o mundo e continua a sustentá-lo. Os homens são indesculpáveis, a natureza é um testemunho da bondade de Deus.
2ª Graça salvífica (Tito 11.15 → Apresenta em Cristo, o presente precioso de Deus, que opera no coração do ser humano, uma obra de tamanha grandeza, que é capaz de permitir a reentrada na eternidade, como Deus queria originalmente. Dimensão fantástica. Salva da condenação eterna. Traz para perto de Deus novamente. Torna-nos amigos de Deus. Alinha-nos com Sua vontade. A Igreja tem se contentado com a salvação, Mas, Deus nos convoca para a perfeição. Reconstruir a comunhão perfeita e radical com Ele, dentro do padrão original de toda obra. Lamentavelmente a nossa atenção não tem se voltado para a dimensão educativa da graça. Não temos lançado mão da graça que educa. A Igreja se assemelha mais ao mundo. Secularização invade a igreja
Kirkiegaard → “Ou a igreja discípula o mundo, ou o mundo discípula a igreja”. Hoje: Discipulado do mundo sobre a igreja.
A Igreja estacionou na graça salvífica. Não parou para refletir que existe uma 3ª e maravilhosa dimensão da graça que educa para o grande desafio: SER PERFEITO.
Deus nunca nos pediria alguma coisa para a qual ele não nos desse o meio. Ele é justo. Nos concede dom espiritual que é sobrenatural, pois sabe que somos falhos e incapazes, para executarmos a obra Dele a contento. É do Espírito, mas, podemos usá-lo.
Expectativa: objetivo → chegar nesse 3º patamar de apropriação da graça, que educa, que vem sobre nós, vai burilando a nossa vida e coração e vai nos conformando com o que Jesus chamou de perfeição (plenitude)
3ª Graça educativa → A graça nos educa para que a gente possa renegando as paixões mundanas e a impiedade viver no presente século, sensata, justa e piedosamente. É possível isso! Com a dimensão alegre da esperança que a redenção se completa em plenitude na manifestação dessa graça quando novamente se sentar diretamente, não com a intermediação de Jesus, mas, entrarmos diretamente na presença de Deus Pai no mesmo diálogo que Adão tinha antes do pecado. A Expectativa é que sejamos apresentados a Deus perfeitos. Vamos ser levados até lá ...
Hb 6.11 → Deixemos-nos levar para aquilo que é perfeito
Deixe-se levar. Não atrapalhe a obra de Deus na sua vida. Deus quer conduzir.
Mt 5. 48 Sejam perfeitos como é perfeito o vosso Pai que está nos céus.
Qual a dimensão da vontade de Deus da eternidade para nós. IDÉIA DE PERFEIÇÃO.
Como aquilatar em plenitude como seria o ser humano perfeito na dimensão do tempo? Como seria o homem sob a face da terra sem pecado?
Deus promete recriar todas as coisas pela sua graça. Fazer tudo novo. Destruir tudo o que tem a marca do pecado e nos colocar novamente no status originalmente.
Estamos vendendo um evangelho extremamente muito barato (graça barata)
Operação da graça educativa:
ESAÚ E JACÓ → Só 1 elemento distingue Esáu de Jacó (eram “farinha do mesmo saco”). Mas, Jacó era obediente. Isaque e Rebeca tinham dado instruções aos filhos: não se casem com etéias. Esaú se casa com duas. Jacó foi orientado pelos pais a fazer diferente: ir na parentela para tomar como esposa alguém que conhecesse o Deus de Israel. JACÓ OBEDECE. A marca de Esaú é tão forte, que quando Jacó sai em obediência, ele desobedece mais uma vez, toma mais uma mulher como esposa (descendente de Ismael), peca mais uma vez, é rebelde. Jacó teve uma jornada de obediência de 20 anos. Talvez não soubesse o poder da graça que educa para que vivamos sábia, justa e piedosamente no presente século. A graça é contemporânea (lei espiritual). Sempre responderá as demandas do tempo. Não podemos alegar para Deus que o tempo mudou. Ela se ajusta ao tempo como resposta ao tempo. Jacó obedece e na ida teve o primeiro encontro de entrada (Betel) . Percebe Deus ... Continua a jornada. Trabalha 2 ciclos de 7 anos pela mulher que queria. 6 anos de trabalho pelo rebanho e riqueza. A graça divina estava trabalhando no caráter de Jacó. Até que Deus chega para ele e diz: Jacó, Jacozinho, meu filho: a graça educativa operou em você, está na hora de você sair daí, volta para tua terra. Jacó saí e Deus promove um encontro de saída: PENIEL.
Seminaristas terão um Peniel (mais duro que Betel). Se Betel tem uma escada, Peniel tem uma marca dolorosa. Prepare-se para ela. Mas, ela é boa. Muda tudo.
Jacó diz: Eu vi Deus face a face e permaneço vivo. O Deus que me fez perfeito, porque trabalhou o meu caráter. Essa graça opera na nossa vida de maneira preciosa, parece que massacra o coração, mas, numa dimensão muito amorosa...
Jacó não retrocedeu. Entrou na dimensão educativa da graça e foi até o final!
Hb 11.21 → JACÓ , Depois de abençoar toda a família, profetiza sobre Judá. Na historia ele vê a eternidade. A graça educativa agiu em plenitude. Com os olhos do tempo, temos o imperfeito. Mas, aos olhos de Deus, o perfeito. Conheceu o Deus de Isaque, seu pai. Percebe a presença real dele, foi capaz de vê-lo, teve um encontro pessoal e magistral. No caráter não tem mais nenhuma mancha que impeça o seu encontro e o sentar-se com Deus. Tem o seu epitáfio colocado. O Jacó frágil, agora é forte. O Jacó velho, agora é perfeito. O Jacó que era auto-suficente, agora é totalmente dependente.
Devemos ter um deslumbre da graça que educa, que Deus derrama sobre todos nós, pela qual ele usa nosso irmão para refletir a figura de Cristo diante de nós. “O Cristo do meu irmão é mais forte que o Cristo em mim”. (Bonhoeffer) quando olhamos para o irmão e vemos o que Deus está fazendo.
Que a gente simplesmente não atrapalhe, deixemos o Senhor conduzir. Ele tem projetos e planos para a sua vida. Você talvez não entenda tudo em plenitude agora. Porque que eu vim parar aqui? A graça educativa educa, mexe na nossa sensibilidade, valores, certezas, transformando as certezas em incertezas, mas, quebrando tantas outras incertezas e colocando certezas em nosso coração. Somos Dele, pertencemos a ele, e por isso Ele nos educa.
1a. PALESTRA: Pr Neander kraul
Ponto de partida: Ec.3.11
Paradoxo: Salomão começou bem e terminou mal. Dificuldades de compreender uma série de elementos da realidade da vida. Reflete sobre a questão do tempo.
Luciano Lopes (primeiro cristão a se envolver na política e educação no Brasil). Recitava um poema de Laurindo Rabelo: O tempo. “A conta e o tempo. Fazer conta do tempo e não ter tempo para fazer conta”.
Ec 3.11 → dois extremos do tempo: principio e fim
Bíblia: dois livros que começam com a expressão “no princípio”. Gênesis (AT) João (NT)
Cuidado de Deus no apontar dos pontos de referência.
Físico inglês (atrofiado) → teoria do Big Ben (Uma breve história do tempo). Universo como fruto de uma grande explosão. Teve um início ... Abortaria a noção criacionista.
Êxodo 20 → Dez mandamentos → 3 primeiros dizem respeito ao ETERNO (DEUS)
1º mandamento: Testemunho da Singularidade de Deus
2º mandamento: Testemunho da Incomparabilidade de Deus
3º mandamento: Testemunho da Santidade de Deus
4º mandamento: Deus não fala de um dia, e sim de 1 ciclo de dias, do tempo.
O TEMPO É SANTO. Estamos limitados e circunscritos pelo tempo. Deus nos pedirá conta do tempo.
5º ao 10º mandamento → referências vinculadas ao ser humano
Elemento que distingue o eterno do temporal, o humano do divino: O TEMPOO tempo não afeta em nada a Deus, só a nós. “O tempo nos faz humanos”. (Pr. Neader) O que nos governa de alguma maneira é o tempo. O tempo que nos faz ficar velhos. O tempo é irrecuperável. O tempo perdido não se recupera. Podemos fazer tardiamente o que era para ter sido feito antes, se Deus der chance.
HERÁCLITO →” Não é o mesmo rio que passa debaixo de uma ponte duas vezes, é um rio diferente, a água é outra ..”
Lidamos com uma grandeza que não paramos para refletir em profundidade. A Biblia é rica e plena de expressões sobre o tempo ... Enquanto vivermos, façamos o bem a todos
O tempo é uma determinante e Deus está fora dele. Para Deus 1 dia é como 1000 anos. Para nós, a vida passa como um breve pensamento ...
Num dado momento/ponto da eternidade, na “plenitude da eternidade”, Deus criou o tempo (grandeza que nos limita) e o ser humano. O pecado muda a história do tempo. O tempo sem o pecado seria diferente do tempo com o pecado (como é hoje). Deus conversava com Adão e Eva, na viração do dia (contato direto com o homem). Entrava no tempo de uma maneira diferente. Com o pecado entrando no mundo, Deus foi expulso do tempo.
Gl 4.1-7 → Na plenitude do tempo, Deus entra no tempo, na história e entra com um propósito. Nova entrada de Deus no tempo. Mesmo no mundo do pecado, Deus conduz a história. Momento propício (mundo todo) → Governo político, acessos disponíveis, língua e cultura que predominam, Deus então, resolve entrar no tempo.
SALVAÇÃO → reentrada de Deus no tempo para agir de maneira IMPRESSIONANTEMENTE bela. Deus faz um novo principio (João), não da eternidade para o tempo, mas, do tempo para a eternidade. Mão inversa. Mergulha no tempo, na pessoa de Cristo, para do tempo ter uma saída eterna (VIDA ETERNA). Grande engenharia espiritual. Sair da história, vencendo a morte, para entrar na eternidade. Garantir novamente o acesso que teríamos originalmente (VIDA PLENA).
GRAÇA→ pode ser apropriada em 3 dimensões:
1ª Graça comum → o sol nasce sob justo e injustos, a beleza do planeta e usufruida por pagãos e crentes, a chuva abençoa a toda humanidade. Rm 1 → Testemunho que Deus existe, é real, presente, criou o mundo e continua a sustentá-lo. Os homens são indesculpáveis, a natureza é um testemunho da bondade de Deus.
2ª Graça salvífica (Tito 11.15 → Apresenta em Cristo, o presente precioso de Deus, que opera no coração do ser humano, uma obra de tamanha grandeza, que é capaz de permitir a reentrada na eternidade, como Deus queria originalmente. Dimensão fantástica. Salva da condenação eterna. Traz para perto de Deus novamente. Torna-nos amigos de Deus. Alinha-nos com Sua vontade. A Igreja tem se contentado com a salvação, Mas, Deus nos convoca para a perfeição. Reconstruir a comunhão perfeita e radical com Ele, dentro do padrão original de toda obra. Lamentavelmente a nossa atenção não tem se voltado para a dimensão educativa da graça. Não temos lançado mão da graça que educa. A Igreja se assemelha mais ao mundo. Secularização invade a igreja
Kirkiegaard → “Ou a igreja discípula o mundo, ou o mundo discípula a igreja”. Hoje: Discipulado do mundo sobre a igreja.
A Igreja estacionou na graça salvífica. Não parou para refletir que existe uma 3ª e maravilhosa dimensão da graça que educa para o grande desafio: SER PERFEITO.
Deus nunca nos pediria alguma coisa para a qual ele não nos desse o meio. Ele é justo. Nos concede dom espiritual que é sobrenatural, pois sabe que somos falhos e incapazes, para executarmos a obra Dele a contento. É do Espírito, mas, podemos usá-lo.
Expectativa: objetivo → chegar nesse 3º patamar de apropriação da graça, que educa, que vem sobre nós, vai burilando a nossa vida e coração e vai nos conformando com o que Jesus chamou de perfeição (plenitude)
3ª Graça educativa → A graça nos educa para que a gente possa renegando as paixões mundanas e a impiedade viver no presente século, sensata, justa e piedosamente. É possível isso! Com a dimensão alegre da esperança que a redenção se completa em plenitude na manifestação dessa graça quando novamente se sentar diretamente, não com a intermediação de Jesus, mas, entrarmos diretamente na presença de Deus Pai no mesmo diálogo que Adão tinha antes do pecado. A Expectativa é que sejamos apresentados a Deus perfeitos. Vamos ser levados até lá ...
Hb 6.11 → Deixemos-nos levar para aquilo que é perfeito
Deixe-se levar. Não atrapalhe a obra de Deus na sua vida. Deus quer conduzir.
Mt 5. 48 Sejam perfeitos como é perfeito o vosso Pai que está nos céus.
Qual a dimensão da vontade de Deus da eternidade para nós. IDÉIA DE PERFEIÇÃO.
Como aquilatar em plenitude como seria o ser humano perfeito na dimensão do tempo? Como seria o homem sob a face da terra sem pecado?
Deus promete recriar todas as coisas pela sua graça. Fazer tudo novo. Destruir tudo o que tem a marca do pecado e nos colocar novamente no status originalmente.
Estamos vendendo um evangelho extremamente muito barato (graça barata)
Operação da graça educativa:
ESAÚ E JACÓ → Só 1 elemento distingue Esáu de Jacó (eram “farinha do mesmo saco”). Mas, Jacó era obediente. Isaque e Rebeca tinham dado instruções aos filhos: não se casem com etéias. Esaú se casa com duas. Jacó foi orientado pelos pais a fazer diferente: ir na parentela para tomar como esposa alguém que conhecesse o Deus de Israel. JACÓ OBEDECE. A marca de Esaú é tão forte, que quando Jacó sai em obediência, ele desobedece mais uma vez, toma mais uma mulher como esposa (descendente de Ismael), peca mais uma vez, é rebelde. Jacó teve uma jornada de obediência de 20 anos. Talvez não soubesse o poder da graça que educa para que vivamos sábia, justa e piedosamente no presente século. A graça é contemporânea (lei espiritual). Sempre responderá as demandas do tempo. Não podemos alegar para Deus que o tempo mudou. Ela se ajusta ao tempo como resposta ao tempo. Jacó obedece e na ida teve o primeiro encontro de entrada (Betel) . Percebe Deus ... Continua a jornada. Trabalha 2 ciclos de 7 anos pela mulher que queria. 6 anos de trabalho pelo rebanho e riqueza. A graça divina estava trabalhando no caráter de Jacó. Até que Deus chega para ele e diz: Jacó, Jacozinho, meu filho: a graça educativa operou em você, está na hora de você sair daí, volta para tua terra. Jacó saí e Deus promove um encontro de saída: PENIEL.
Seminaristas terão um Peniel (mais duro que Betel). Se Betel tem uma escada, Peniel tem uma marca dolorosa. Prepare-se para ela. Mas, ela é boa. Muda tudo.
Jacó diz: Eu vi Deus face a face e permaneço vivo. O Deus que me fez perfeito, porque trabalhou o meu caráter. Essa graça opera na nossa vida de maneira preciosa, parece que massacra o coração, mas, numa dimensão muito amorosa...
Jacó não retrocedeu. Entrou na dimensão educativa da graça e foi até o final!
Hb 11.21 → JACÓ , Depois de abençoar toda a família, profetiza sobre Judá. Na historia ele vê a eternidade. A graça educativa agiu em plenitude. Com os olhos do tempo, temos o imperfeito. Mas, aos olhos de Deus, o perfeito. Conheceu o Deus de Isaque, seu pai. Percebe a presença real dele, foi capaz de vê-lo, teve um encontro pessoal e magistral. No caráter não tem mais nenhuma mancha que impeça o seu encontro e o sentar-se com Deus. Tem o seu epitáfio colocado. O Jacó frágil, agora é forte. O Jacó velho, agora é perfeito. O Jacó que era auto-suficente, agora é totalmente dependente.
Devemos ter um deslumbre da graça que educa, que Deus derrama sobre todos nós, pela qual ele usa nosso irmão para refletir a figura de Cristo diante de nós. “O Cristo do meu irmão é mais forte que o Cristo em mim”. (Bonhoeffer) quando olhamos para o irmão e vemos o que Deus está fazendo.
Que a gente simplesmente não atrapalhe, deixemos o Senhor conduzir. Ele tem projetos e planos para a sua vida. Você talvez não entenda tudo em plenitude agora. Porque que eu vim parar aqui? A graça educativa educa, mexe na nossa sensibilidade, valores, certezas, transformando as certezas em incertezas, mas, quebrando tantas outras incertezas e colocando certezas em nosso coração. Somos Dele, pertencemos a ele, e por isso Ele nos educa.
outubro 16, 2013
CAPELANIA ACEH SP
http://www.capelania.com/2008/capelania.html
Capelania
outubro 11, 2013
V Congresso Internacional de Cuidados Paliativos e do II Congresso Lusófono de Cuidados Paliativos.
- 9 de outubro, às 18h15, no Auditório Amália Rodrigues do Enotel Resort de Porto de Galinhas, Pernambuco, acontece a cerimônia oficial de abertura do V Congresso Internacional de Cuidados Paliativos e do II Congresso Lusófono de Cuidados Paliativos. Será uma cerimônia bonita, seguida de um coquetel com um show de músicas pernambucanas.
De 9 a 12 de outubro de 2013, o assunto será CUIDADOS PALIATIVOS PARA TODOS; AMPLIANDO A ASSISTÊNCIA E CONSTRUINDO REDES. Mais de 60 atividades, mais de 150 palestras, mais de 90 palestrantes de três continentes! Uma oportunidade única de fazer parte da comunidade que cresce no Brasil: a comunidade paliativista brasileira!
outubro 05, 2013
RETIRO ESPIRITUAL - CAPELANIA RJ 29 NOV a 01 DEZ 2013
RETIRO ESPIRITUAL 29 NOV a 01 DEZ 2013
lTema:" +VIDA - Deus pôs a eternidade no coração do homem" Ec 3.11
Local: Sítio das Águas - Itaboraí - RJ www.sitiosdasaguasrj.com.br
custo hospedagem crianças periodo 29/11 a 01/12
0 a 05 anos - gratuito
6 a 11 anos - R$ 70,00
HÁ A POSSIBILIDADE EM PASSAR O DIA 30 NOV (sábado)
R$ 32,00 por pessoa (incluindo o almoço). 0 a 5 anos não tem custo
setembro 29, 2013
setembro 28, 2013
A saúde e o bem-estar espiritual
Espiritualidade, Bem-estar espiritual,
Psicologia trans pessoal, Saúde
por: Luciana Fernandes Marques
por: Luciana Fernandes Marques
A espiritualidade tem sido pouco enfatizada e focalizada
quando se trata de saúde e doença nas ciências da saúde. As pessoas que estão
bem, com saúde e bem-estar, relatam sentimentos de valores e espiritualidade e
integração com a ordem divina (chamada de formas diferentes, conforme a
religião ou sistema filosófico). Nas pessoas que adoecem, esses componentes
também se acham presentes, seja como um sentimento de abandono por Deus ou
dúvidas religiosas, seja como sementes de cura e de saúde em meio a um processo
de enfermidade.
A espiritualidade pode surgir, na doença, como um recurso
interno que favorece a aceitação da doença, o empenho no restabelecimento, a
não evitação de sentimentos dolorosos, o contato e o aproveitamento da ajuda
das outras pessoas e até a própria reabilitação. Isso nos remete à sua essência
básica (se é que se pode localizar uma essência na espiritualidade) como um
fator de saúde e realça sua importância nos processos de prevenção de doenças,
manutenção da saúde ou de reabilitação e cura.
Mesmo nas propostas mais holísticas, a espiritualidade vem
sendo marginalizada, não incluindo, no seu “biopsicossocial”, o espiritual. A
OMS (Organização Mundial da Saúde) já sinalizou uma mudança de filosofia nas
práticas de cuidado à saúde, incentivando certas práticas alternativas e
enfatizando a prevenção e a promoção da saúde (Marín, 1995). O conceito de
saúde também temse alterado e se tornado mais complexo, muitos estudos têm
acrescentado a dimensão espiritual, mas uma atenção mais acurada não tem sido prestada
a essa que é a mais sutil das esferas.
Em função dessa preocupação dos teóricos transpessoais, foi
integrado no último DSM-IV (Diagnostic and Statistical Manual of Mental
Disorders – IV) uma nova categoria de diagnóstico que se refere a problemas espirituais
ou religiosos. A proposta foi de um grupo de clínicos transpessoais que se
deparavam com a ocorrência de emergências transpessoais (problemas,
dificuldades, angústias associados à experiências e práticas espirituais) em
pacientes clínicos (Lukoff et al., 1998).
A base teórica deste estudo é a Psicologia Transpessoal, que
é um campo de investigação, aplicação e estudos científicos sobre a
espiritualidade da natureza humana e do potencial presente em todas as pessoas
para se desenvolverem a um ponto máximo. A integração das experiências
espirituais é uma das finalidades para uma ampla compreensão da psique humana
(Washburn, citado por Smith, 1995). Essa área abrange os fatores psicológicos
que facilitam ou inibem o contato e a compreensão do fator transpessoal e os
efeitos das experiências transpessoais na vida das pessoas.
Os conteúdos básicos da Psicologia Transpessoal incluem: o
aprofundamento na religião e nas experiências religiosas, a parapsicologia, a
investigação sobre a consciência e os estados alterados de consciência
(induzidos por hipnose, relaxamento, meditação e outros) (Marques, 1996). Há
também uma preocupação pelo estudo da relação existente entre Psiquiatria,
espiritualidade e psicose, em uma forma de encarar o fenômeno que as teorias
psicológicas têm negligenciado, seja o potencial de saúde da espiritualidade,
seja a patologia espiritual. A Psicologia Transpessoal “busca uma síntese e
oferece o estudo de outros aspectos ainda não abordados e que podem ampliar a
visão do psiquismo humano” (França, 1997, p.87).
O conceito de saúde adotado neste trabalho não se restringe
à adaptação da pessoa ao meio, nem ao comportamento observável, nem à presença
de sintomas, mas reflete em que medida ela está se desenvolvendo internamente,
crescendo como pessoa, nas suas habilidades, relacionamentos e formas de
encarar o mundo. “A saúde é um continnum bipolar, onde não há um limite preciso
entre esta e a enfermidade e, sim, graus e expressões diversas, num processo de
reações diante de estímulos internos e externos” (Sarriera et. al., 1996). No
processo de saúde, a pessoa tende à plenitude de sua auto-realização como
entidade pessoal e como entidade social (Marín, 1995). É parte de um olhar
amplo, de promoção e de prevenção que enfoca a saúde como uma expressão da
realização do potencial de desenvolvimento humano, das capacidades para uma
auto-realização plena, sendo essa realização uma responsabilidade pessoal a ser
investida autonomamente, embora estimulada, apoiada e instrumentalizada
socialmente.
O que se questiona é se a pessoa que desenvolve sua
espiritualidade, que valoriza o sagrado na sua vida pode melhor proporcionar
essa atenção e cuidado à saúde integral. Kurtz et al. (1995) afirmam que há
maior probabilidade de se encontrar bons hábitos de saúde, comportamentos de
apoio aos outros e, portanto, bem-estar psicológico, em pessoas que têm uma
visão espiritual positiva frente à vida. A perspectiva espiritual inclui
conteúdos existenciais que, por sua vez, têm profundas implicações no bem-estar
físico e psicológico (Wong e Fry, 1998).
O bem-estar espiritual significa em que medida ocorre a
abertura da pessoa para a dimensão espiritual que permite a integração da
espiritualidade com as outras dimensões da vida, maximizando seu potencial de
crescimento e auto-atualização. Westgate (1996) considera que a dimensão
espiritual é um componente do funcionamento humano que atua na integração de
outros componentes. Através dessa capacidade de integração, de unidade de
vários domínios da vida, se observa que as pessoas têm a capacidade para a
saúde através da transcendência de limites ordinários. Reed (1992) dá alguns
exemplos de componentes que representam essa capacidade de transcendência e de
integração: esperança, generosidade, sentido, experiência mística e
comportamentos religiosos.
A espiritualidade parece favorecer uma ótica positiva frente
à vida que funciona como um pára-choque contra o estresse: frente a situações
perturbadoras e a eventos traumáticos, a pessoa com bem-estar espiritual
proveria significados para essas experiências e as redirecionaria para rumos
positivos e produtivos para si e para os outros. Uma das fontes dessa ação
construtiva é o sentimento de apoio emocional advindo da sua relação
significativa com o absoluto (ou, em outros termos, com Deus).
Alguns teóricos têm explorado a relação da espiritualidade
no crescimento humano, e têm se perguntado em que medida a adoção de uma
perspectiva espiritual se relaciona com a saúde geral da pessoa. Hamilton e
Jackson (1998) enfatizam que o conceito de espiritualidade é um componente
vital para o modelo holístico de saúde, que, suscintamente, considera a
inter-relação do bemestar físico, emocional, mental, social, vocacional e
espiritual. Westgate (1996) considera o desenvolvimento da espiritualidade
importante para a saúde mental, pois sem ela podem surgir sentimentos de
desesperança, sensação de falta de sentido de vida e depressão.
Em um estudo sobre essa interface saúdeespiritualidade,
Waite et al. (1999) encontraram indícios de que, em uma avaliação de
comportamentos de saúde, uma medida que contenha saúde espiritual é mais eficaz
do que outra composta apenas por variáveis psicossociais (como auto-estima,
locus de controle, senso de coerência e outras). Ditas variáveis psicossociais
muitas vezes compõem a saúde espiritual, que é mais ampla.
Um aspecto central da inter-relação saúdeespiritualidade é o
quanto a segunda oferece recursos para enfrentar situações estressantes
inevitáveis na vida, mantendo um nível ótimo de saúde. O que se tem observado é
que a eficácia no enfrentamento a determinados estressores pode ser
correlacionada com a integração de crenças, emoções, relacionamentos e valores,
na resposta da pessoa a esses estressores (Pargament et al., 1998), isto é, a
perspectiva que a pessoa assume frente uma situação estressora e o modo como
encara essa vivência são fundamentais para os resultados do seu enfrentamento.
Os resultados negativos de enfrentamento são aqueles que apontam para uma
quebra da integração interna, perda de valores religiosos, fortes sentimentos
de raiva de Deus, dúvida ou confusão no seu sistema de crenças.
A sensação de incapacidade para se adaptar às novas
exigências (fatores estressores) é uma queixa comum na enfermidade. A pessoa
não visualiza recursos para enfrentar sua situação (seja um luto, perda
econômica, desemprego) e isso é parte de um comportamento não-saudável. Os
comportamentos não adaptativos, mesmo que em si mesmos não possam ser
considerados mórbidos, conduzem a outros comportamentos ou manifestações de
enfermidade (Santacreu et al., 1992).
As dificuldades no enfrentamento por vezes se relacionam às
dificuldades de se readaptar frente a um fator estressor, como, por exemplo,
nas pessoas que têm sua rotina alterada rapidamente ou em pessoas que têm uma
rotina variada de programações imprevisíveis (como enfermeiros, bombeiros,
aviadores). Brown (1999) indica que há maior probabilidade de adoecimento em
pessoas que tiveram muitas mudanças significativas na vida em curto espaço de
tempo. Um elemento importante em um processo de adaptação são as crenças
religiosas, que dão significado e sentido à experiência estressante (Marín,
1995); um exemplo é o caso relatado por Marín (1995), no qual as pessoas
capazes de se adaptar à enfermidade crônica são aquelas que têm recursos
psicológicos para manter sua auto-estima, encontrar um sentido na enfermidade e
manter a esperança. O que se questiona é em que medida a espiritualidade pode
funcionar como um elemento organizador interno que proporcione rápida adaptação.
Chandra et al. (1998) observaram pacientes oncológicos
durante o curso do tratamento com radioterapia e detectaram uma diminuição dos
escores de bem-estar e de algumas dimensões, como a percepção do suporte
familiar e grupal, e um aumento das dimensões de sentimentos positivos,
enfrentamento, suporte social (excluindo o familiar) e bem-estar espiritual. O
que a maior parte dos estudos permite concluir é que o bem-estar espiritual é
uma experiência de apoio, de fortalecimento buscado propositadamente pela
pessoa para a realização de um enfrentamento de sucesso.
Metodologia
A amostra escolhida é da área metropolitana de Porto Alegre.
Os participantes do estudo foram adultos de 16 a 78 anos, sendo 237 homens e
269 mulheres. A amostra foi escolhida a partir do procedimento amostral
polietápico (baseado nos trabalhos de Sarriera, 1993 e Sarriera et al., 1996),
que combina diversos métodos, seqüenciados por uma série de etapas. O tamanho
da amostra é proporcional ao número de seções de cada distrito eleitoral do
município, sendo que as seções foram sorteadas.
O questionário aplicado foi composto do Questionário de
Saúde Geral, Escala de Bem-estar Espiritual e de uma parte inicial de dados de
identificação e demográficos. Para verificar a saúde geral, fez-se uso do
Questionário de Saúde Geral (QSG) de Goldberg. O QSG foi adaptado para a
realidade brasileira (Pasquali et al., 1994, p. 433) e avalia o grau de desvio
do comportamento normal, comparando o estado de saúde atual com o usual.
No QSG são 6 os fatores: (1) tensão ou estresse psíquico,
(2) desejo de morte, (3) falta de confiança na capacidade de desempenho, (4)
distúrbios do sono, (5) distúrbios psicossomáticos e um último fator, que é a
soma dos anteriores e se refere à severidade dos distúrbios psiquiátricos não
psicóticos.
A Escala de Bem-estar Espiritual (EBE, Spiritual Well-being
Scale de Paulotzian e Ellison, 1982) foi adaptada para fins deste estudo e é um
instrumento subdividido em duas sub-escalas, uma de bem-estar religioso e outra
de bem-estar existencial. Os itens referentes ao bem-estar religioso contêm uma
referência a Deus, e os de bem-estar existencial não contêm tal referência. O
bem-estar espiritual é entendido como uma sensação de bem-estar experimentada
quando encontramos um propósito que justifique nosso comprometimento com algo
na vida, e esse propósito envolve um significado último para a vida (Ellison,
1983). Essa sensação é uma síntese de saúde, um sentimento de completude e de
satisfação com a vida, de paz consigo mesmo e com o mundo, de unidade com o
cosmos, de proximidade com o Absoluto ou com a natureza (Blomfield, 1980).
O bem-estar religioso, como um fator da EBE, é considerado
como o bem-estar referente a uma comunhão e relação pessoal íntima com Deus ou
com uma força superior. É considerado como uma dimensão vertical da
espiritualidade e no item contém uma referência a Deus (números impares da
escala) (Paulotzian e Ellison, 1982).
O bem-estar existencial se relaciona àquela satisfação geral
com a vida relacionada a uma dimensão horizontal de espiritualidade, ou seja, o
bem-estar no mundo, incluindo satisfação e sentido de vida (números pares da
escala) (Paulotzian e Ellison, 1982).
Os participantes foram localizados em suas residências, em
praças, nas ruas, paradas de ônibus e tàxi e em bares, em horários variados,
inclusive à noite e nos finais de semana. Estando o entrevistador no local da
coleta, foi seguido um procedimento de amostragem que obedecia a uma certa
facilidade de acesso, quando observava disponibilidade dos respondentes, sendo
que alguns entrevistadores procuraram pelos respondentes nas suas residências.
Os instrumentos foram apresentados com um pequeno raport.
Os entrevistadores foram 11 estudantes da Faculdade de
Psicologia da PUCRS que participaram como auxiliares de pesquisa, previamente
treinados para a aplicação do questionário. Os participantes foram informados
sobre o objetivo da aplicação do instrumento e o sigilo em relação aos dados
pessoais.
Os resultados da aplicação do questionário foram codificados
e tratados pelo programa estatístico SPSSWIN. Foram realizadas análises
descritivas dos dados, correlacionais e multivariadas.
Resultados
As 506 pessoas que participaram da pesquisa tinham entre 16
e 78 anos (média de 38,03 anos e desvio padrão 15,07), sendo 237 homens (46,8%)
e 269 mulheres (53,2%).
Uma pergunta sobre a avaliação subjetiva da própria saúde:
“Como está sua saúde?”, que é uma questão relativa à avaliação subjetiva do
próprio estado de saúde: 47,4% escolheram a resposta “boa”; 31,6%, “muito boa”;
14,4% escolheram “nem ruim, nem boa”; 4,2%, “fraca” e somente 2,4% optaram por
“muito ruim”. A média geral dos 506 sujeitos recaiu em 4,01, equivalente a uma
saúde subjetiva “boa”.
O Questionário de Saúde Geral (QSG) é composto por 60
questões, com 4 opções de resposta para cada questão, de 1 (melhor saúde) a 4
(pior saúde). Ver tabela 1.
Do total da população, 17,7% teve a média geral do
questionário superior a 2,33, considerada (Pasquali et al., 1996) acima do
percentil 90, que indica distúrbio mental.
A Escala de Bem-estar Espiritual (EBE) é composta de 20
questões, com 6 opções (Likert) de respostas, indo de 1 a 6 (sendo 1 o menor
bem-estar espiritual e 6 o maior). Na tabela 2 encontram-se as médias da escala
como um único fator e dos outros dois fatores da escala, bem-estar existencial
(EXIS) e bem-estar religioso (RELIG). Nessa tabela, o maior desvio padrão é o
do bem-estar religioso, revelando maior dispersão e maior heterogeneidade do
grupo, e a média do bem-estar religioso é mais alta do que a do bem-estar
existencial.
Na análise bivariada, são buscadas associações
significativas (<0 a="" anova.="" as="" atrav="" bem-estar="" cada="" como="" correlacionados:="" dados="" das="" de="" demogr="" do="" duas="" e="" ebe="" escalas="" espiritual="" estat="" fatores="" ficos.="" foram="" geral="" identifica="" o:p="" o="" os="" qsg="" rio="" s="" sa="" scala="" stico="" teste="" todo="" uestion="" um="" vari="" veis="">0>
A questão relativa à avaliação subjetiva da própria saúde
revelou, na ANOVA, associações significativas tanto com a EBE (0,000) e seus
fatores (EXIS com 0,000 e RELIG com 0,000) quanto com o QSG (0,000) e seus
fatores. Para todos eles, apresentou 0,000 de significância. A questão
indagava: “Como está sua saúde?”.
No gráfico 1, encontra-se registrada a relação entre as
respostas da questão sobre a avaliação subjetiva da própria saúde e os fatores
do Questionário de Saúde Geral. As pessoas que consideram sua saúde fraca
(resposta 2) têm escores mais altos no QSG (ou maior índice de distúrbios).
distúrbios psicossomáticos; descon= confiança na capacidade
de desempenho; Geral= severidade da ausência de saúde mental 1=muito ruim; 2=
fraca; 3= nem ruim, nem boa; 4= boa; 5= muito boa
Na tabela 3 pode-se observar a tendência de que, quanto
melhor a avaliação subjetiva da própria saúde, maior o bem-estar espiritual,
existencial e religioso.
*1=muito ruim; 2= fraca; 3= nem ruim, nem boa; 4= boa; 5=
muito boa
Na tabela 4, a seguir, são apresentadas as duas escalas (QSG
e EBE) e seus fatores, que foram correlacionados e apresentaram associação
significativa na correlação de Pearson.
*EBE= Escala de Bem-estar Espiritual; EXIS= bem-estar
existencial; RELIG= bem-estar religioso; STREP= estresse psíquico; MORT= desejo
de morte; DESCO= Confiança na capacidade de desempenho; SONO= distúrbio do
sono; PSICO= distúrbio psicossomático; GERAL= severidade da doença mental.
**correlação significativa a 0.01.
Na tabela 4, podemos observar associações significativas, na
presença de dois asteriscos, entre as duas escalas usadas neste estudo e todos
os seus fatores. Neste dado estaria a síntese do objetivo deste estudo, que era
observar se há uma inter-relação significativa entre saúde e bem-estar
espiritual; as associações sugerem que sim.
As associações da EBE com seus fatores naturalmente são
maiores e positivas, assim como do QSG com seus fatores. As associações entre a
EBE e QSG são negativas, revelando que, quanto maior o bem-estar espiritual,
menor o distúrbio mental, e quanto maior o distúrbio, menor o bem-estar
espiritual. O resultado do questionário de saúde geral não é a saúde, mas
justamente a ausência dela, ou a severidade do distúrbio de saúde; em função
disso, as correlações entre as duas escalas são negativas. Poderia ser
afirmado, então, que a correlação entre saúde e bem-estar espiritual é positiva.
Entre as menores associações, estão bem-estar religioso e
distúrbio do sono, e bem-estar religioso e distúrbio psicossomático, e entre as
maiores, bem-estar existencial e estresse psíquico, e bem-estar existencial e
saúde geral.
A análise de regressão múltipla (stepwise) realizada revelou
que as variáveis preditoras mais significativos da EBE explicam 24,1% da
variância. Na tabela 5, estão dispostas em ordem de importância.
Os preditores do bem-estar espiritual se repetem no
bem-estar existencial, com exceção da (2.) opção religiosa e (7.) dos níveis
educacionais, e aparecem as variáveis estresse psíquico e distúrbios
psicossomáticos. A análise de regressão múltipla revelou, então, 10 variáveis
preditoras, que explicam 28,7% da variância total do fator bem-estar
existencial (ver tabela 6).
Os preditores do bem-estar espiritual também se repetiram no
bem-estar religioso, com exceção do (3.) número de filhos, (5.) sofrimento de
evento estressante, e (9.) tratamento psicológico ou psiquiátrico, e aparecendo
as variáveis idade e sexo.
Na tabela 7, encontram-se os 8 preditores mais
significativos do bem-estar religioso, que explicam 18,6% da variância total da
variável.
A tabela 8 apresenta a análise de regressão múltipla dos
cinco fatores do QSG.
* EXIS= bem-estar existencial; sexo= masculino ou feminino;
saúde 1= avaliação subjetiva da própria saúde; saúde 2= problema crônico de
saúde
As variáveis preditoras se repetem, sendo que “problema
crônico de saúde” só é preditor de distúrbio psicossomático, e “sexo” é
preditor de confiança na capacidade de desempenho, estresse psíquico (esses
dois são significativamente maiores nas mulheres) e distúrbios psicossomáticos.
Discussão e Conclusões
Este estudo teve como objetivo principal observar se a espiritualidade
se relaciona significativamente com a saúde geral das pessoas. Os dados
levantados dão suporte para se afirmar que há uma relação positiva
significativa entre saúde e bem-estar espiritual. Os testes (QSG e EBE) e todos
seus fatores obtiveram correlações altamente significativas entre si, o que
demonstra importantes associações entre os temas. Apareceu, igualmente, uma
correlação negativa significativa entre o bem-estar espiritual e a severidade
do distúrbio mental. Isso indica que um alto bem-estar espiritual se encontra
associado à saúde mental, e inversamente associado ao adoecimento mental.
Em outras variáveis, também se pode confirmar a relação
entre saúde e espiritualidade. A questão relativa à avaliação subjetiva da
própria saúde também revelou associações significativas com a EBE e seus
fatores. A tendência de que, quanto melhor a avaliação subjetiva da própria
saúde, maior o bemestar espiritual (existencial e religioso), também apoia a
idéia de uma correlação entre a saúde percebida e o bem-estar espiritual. A
saúde subjetiva, deve-se ressaltar, foi a primeira (principal e de maior
influência) variável preditora do bem-estar espiritual e do bem-estar
existencial, e foi a segunda preditora do bem-estar religioso. E ainda: um dos
fatores da EBE, o bem-estar existencial, apareceu como um dos principais
preditores do QSG e de seus fatores.
Esses dados apoiam ao que se referia Larson (1996), ao fato
de que a concepção de saúde como biopsicossocial deve ser ampliada incluindo a
dimensão espiritual. Hamilton e Jackson (1998) também enfatizam que o conceito
de espiritualidade é um componente vital para o modelo holístico de saúde que,
suscintamente, considera a inter-relação do bem-estar físico, emocional,
mental, social, vocacional e espiritual. E Westgate (1996) considera o
desenvolvimento da espiritualidade importante para a saúde mental, pois sem ela
podem surgir sentimentos de desesperança, sensação de falta de sentido de vida
e depressão. Dessa forma, se justificam como altamente relevantes os dados
encontrados por este estudo.
A partir dos preditores do bem-estar espiritual, podemos
depreender quem são as pessoas que têm maior bem-estar espiritual:
1. aqueles que avaliam ou percebem sua saúde de forma
positiva: sendo esse o principal preditor, observa-se a conexão entre
espiritualidade e saúde;
2. que têm uma religião (ao contrário daqueles que se dizem
sem religião);
3. que possuem de 1 a 3 filhos (aquelas pessoas que não têm
nenhum filho ou tem 4 filhos ou mais têm menor bem-estar espiritual): parece
que vale aqui a questão do equilíbrio, os extremos contam com menor bem-estar
espiritual;
4. não sofreram evento estressante: o evento estressante
pode apontar para uma quebra da integração interna, perda de valores
religiosos, fortes sentimentos de raiva de Deus, dúvida ou confusão no seu
sistema de crenças e alterar o mundo religioso da pessoa (Pargament et al.,
1998); 5.não têm problema crônico de saúde;
6. trabalham;
7. têm níveis educacionais baixos e médios, no que tange à
religiosidade;
8. têm níveis altos de educação, no que tange ao bem-estar
existencial;
9.não estão em tratamento psicológico ou psiquiátrico:
possivelmente não sentem necessidade de tratamento nem indicação médica.
Já os preditores da saúde geral não foram muitos e baixo
também foi o percentual da variância explicada (8,7%); foram eles: bem-estar
existencial e saúde percebida. As pessoas que têm melhor saúde e menor presença
de distúrbios são aquelas com alto bem-estar existencial e que percebem sua
saúde como boa ou muito boa. A baixa variância explicada significa que existem
outras variáveis que explicam a saúde fora das variáveis contempladas por este
estudo.
Em termos científicos, olhando para o fenômeno e
subdividindo-o em partes, poderíamos dizer que a espiritualidade se relaciona
com a saúde geral justamente através do aspecto existencial (que é um dos
principais preditores tanto do QSG, quando dos seus outros 5 fatores). Isso
quer dizer que a espiritualidade influencia a saúde principalmente através dos
seus aspectos existenciais.
Frankl (1990) desenvolveu ao longo de sua obra uma ótica
existencial da espiritualidade e afirmava que uma missão a cumprir na vida, um
sentido a realizar (ou o que chamamos aqui de bem-estar existencial),
influenciava sobremaneira a saúde geral da pessoa. Essa missão poderia ser um
objetivo de vida adequado, alguém que se ame ou um trabalho a desenvolver, em
suma, uma atividade externa ao indivíduo que esteja de acordo com suas
aptidões, que ele seja capaz de enfrentar e que lhe ofereça desafios
permanentes. Ilustra essas considerações com a situação de campo de
concentração, onde sobreviviam e se mantinham íntegros aqueles que possuíam uma
visão positiva da vida e do mundo (mesmo frente a condições tão desfavoráveis).
A íntima relação com Deus, a sensação do sagrado na vida, as
emoções de compaixão e amor ao próximo, enfim, a religiosidade, não ajuda muito
se não é praticada, distribuída aos seres e ao mundo, contagiando o trabalho e
as relações, proporcionando uma visão global da vida individual e o seu sentido
para a família, a cidade, o universo. O que parece ocorrer é que a religião sem
o aspecto existencial não ajuda muito.
Se a espiritualidade é vivenciada e desenvolvida através de
uma religião, esta deveria estimular não somente o contato com o Absoluto, com
o divino, com a essência da vida, mas principalmente a aplicação dessas
experiências na vida cotidiana, no enfrentamento de situações corriqueiras, nos
pequenos desafios. De outra forma, ela pode servir como um ópio que cria um
reduto onde a interferência do mundo externo não é bem-vinda – assim como
naquelas piadas em que alguém bate na campainha, insiste, e tenta mais algumas
vezes, até que abre a dona da casa, muito mal-humorada e irritada, e diz:
“Tinha que bater justamente agora que estou a rezar pela paz no mundo?”. Isso
revela uma dissociação entre a religiosidade e a prática na vida cotidiana.
Então, quando vivenciada e praticada no mundo, a religião
redunda em bem-estar existencial e assim, tem uma associação maior com a saúde.
A perspectiva espiritual inclui conteúdos existenciais que por sua vez, tem
profundas implicações no bemestar físico e psicológico (Wong e Fry, 1998). Se a
perspectiva espiritual adotada pela pessoa não inclui esses conteúdos, podemos
supor que não beneficie, necessariamente, sua saúde.
Neste estudo, enfatizou-se o papel da espiritualidade na
saúde geral da pessoa. Os dados revelaram também o importante papel da
religião, seja para a melhora, seja para a diminuição da saúde. Se um dos
conteúdos básicos da Psicologia Transpessoal é o aprofundamento na religião e
nas experiências religiosas (Marques, 1996), e os resultados deste estudo
apontam a importância do bem-estar espiritual na saúde geral da pessoa, podemos
ressaltar o valor da Psicologia Transpessoal como uma teoria. A Psicologia
Transpessoal “busca uma síntese e oferece o estudo de outros aspectos ainda não
abordados, e que podem ampliar a visão do psiquismo humano” (França, 1997,
p.87). Ela se destina ao estudo de áreas comumente marginais à ciência
psicológica por serem vistas como esotéricas ou místicas, mas áreas, estas,
fundamentais no contexto de saúde geral do ser humano. O potencial de saúde da
espiritualidade foi aqui explorado; no entanto, estudos futuros deverão
aprofundar a temática, além de focalizar a patologia espiritual ou as
patologias decorrentes da prática espiritual, as chamadas “emergências
espirituais” (Grof e Grof, 1989) e também esclarecer que fatores psicológicos
facilitam ou inibem o contato e a compreensão do transpessoal e os efeitos das
experiências transpessoais na vida das pessoas.
As implicações da associação significativa entre
espiritualidade e saúde são amplas. Se ambas mantém uma correlação
significativa para a população, da qual esta amostra é parte, significa que a
espiritualidade é um recurso promissor de manutenção da saúde, prevenção, cura
e reabilitação. Assim, parece salutar que, em uma ampla consideração dos
fatores que compõem a saúde, a espiritualidade seja mais enfatizada. Os
resultados deste estudo sugerem que as pesquisas e a prática do trabalhador de
saúde podem se enriquecer com essa dimensão humana, sem receio de estar saindo
do fazer da Psicologia como profissão, e entrar no terreno místico.
O místico, fora da área psi., seria usar a espiritualidade
de forma deturpada, sem a compreensão do seu papel no desenvolvimento humano e
sem a genuína motivação de com ela beneficiar aqueles com quem trabalhamos. As
formas de acessá-la também podem ser consideradas místicas se não têm um
fundamento psicológico de apoio. A maior parte das técnicas que objetivam
trabalhar a espiritualidade, em uma visão de desenvolvimento de saúde, podem
ser fundamentadas tanto pela ótica psicológica como aproveitando insights das
tradições religiosas e esotéricas. A forma como essa integração é feita dirá se
o profissional está saindo do seu papel de psicólogo. É importante que o
psicólogo trabalhe com rigor metodológico e fundamente amplamente seu trabalho,
principalmente a partir dos conhecimentos da área da Psicologia, mas que não
desatenda dimensões tão caras, suas e daqueles com quem trabalha.
A dimensão espiritual não requer condições especiais; pode
ser trabalhada individualmente, em grupos, por pessoas com altos níveis
educativos e com analfabetos, em ambientes variados em um leito de hospital, em
pé, no Movimento Sem Terra – como tive a oportunidade de conferir –, nos
gabinetes psicológicos, empresas, pessoas de todas as idades – inclusive
crianças. Na prática, pode ser facilmente estimulada e desenvolvida, já que não
requer arsenal tecnológico e técnico. É uma dimensão melhor acessada pela
inspiração do profissional, pelo próprio desenvolvimento espiritual a que ele
leva a cabo, criatividade, empatia e fatores menos calculados. Os valores,
ética, sensibilização para o sagrado na vida, moralidade, geram um clima da
melhor qualidade para o desenvolvimento humano e auto-superação. Como diz
Kornfield (1997), se uma espiritualidade desenvolvida ama e cuida a vida, como
a saúde não melhoraria?
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Endereço para
correspondência
Luciana Fernandes Marques
Porto Alegre - RS
E-mail: lucianafm@terra.com.br
Recebido 10/10/02
Aprovado 18/02/03
* Doutora em Psicologia (PUCRS). Professora do Curso de
Abordagem Centrada na Pessoa (Pós-Graduação da LaSalle, Canoas-RS). Consultora
organizacional.
--------------------------------------------------------------------------------
Conselho Federal de Psicologia
http://pepsic.bvs-psi.org.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-98932003000200009
IMPORTANTE
Procure o seu médico
para diagnosticar doenças, indicar tratamentos e receitar remédios.
As informações disponíveis no site da Dra. Shirley de Campos
possuem apenas caráter educativo.
Publicado por: Dra. Shirley de Campos
setembro 21, 2013
ALEGRIA INDESTRUTÍVEL - A alegria de Jesus Cristo
ALEGRIA INDESTRUTÍVEL - A alegria de Jesus Cristo
Se você for resgatado por um salva-vidas das águas turbulentas do Oceano Atlântico, nao vai querer saber se ele se sente ou não triste. Quando estiver abraçando sua família na praia, não vai se preocupar com a saúde mental daquele que o salvou de um afogamento. Mas com a salvação que nos é concedida por Jesus, as coisas são bem diferentes. jesus não nos salva para nossa família, mas para ele mesmo. E se ele estiver entristecido, nossa salvação não nos trará alegria. Não será para nós uma grande salvação.
O próprio Jesus - e tudo o que Deus representa para nós por meio dele - é nossa grande recompensa, e ponto final. "Eu sou o pão da vida..." (...) "... Se alguém tem sede, venha a mim e beba" ( Jo 6.35; 7.37). A salvação não significa apenas perdão de pecados, mas, acima de tudo, comunhão com Jesus (1 Co 1.9). O perdão tira todos os empecilhos do caminho para que isso possa acontecer. Se essa comunhão não for plenamente prazerosa, não haverá grande salvação. Se Cristo estiver triste, ou até mesmo indiferente, a eternidade não passará de um longo, longo suspiro.
Mas a glória e a graça de Jesus nos mostram que ele é, e sempre será, uma alegria indestrutível. Eu digo glória de Jesus porque a tristeza não é gloriosa. E digo graça de Jesus porque a melhor coisa que ele tem para nos dar é a sua alegria. "Tenho lhe dito esta palavras para que a minha alegria esteja em vocês e a alegria de vocês seja completa" (Jo 15.11 - v. também 17.13; grigo do autor). Jesus não seria totalmente misericordioso se simplesmente aumentasse minha alegria até o seu ponto máximo e, depois, deixasse de conversar dentro de mim essa alegria. Assim, além de se oferecer para ser o objeto divino de minha alegria, Cristo derrama sua própria alegria em meu ser, para que eu possa alegrar-me nele com a verdadeira alegria de Deus. Isto é glória, isto é graça.
Não é glorioso ser triste. E Cristo nunca foi triste. Desde a eternidade, ele tem sido o espelho da infinita jovialidade de Deus. A sabedoria de Deus proferiu estas palavras em Provérbios 8.30 "... eu estava ao seu lado, e era o seu arquiteto; dia a dia eu era o seu prazer e me alegrava continuamente com a sua presença". O Cristo eterno, a alegria de Deus e igualmente autor da criação, estava sempre se alegrando na presença de Deus. Essa afirmação se repete dias vezes no Novo Testamento.
Em Hebreu 1.8,9 Deus diz ao Filho, não aos anjos, estas palavras maravilhosas: "O teu trono, ó Deus, subsiste para todo o sempre (...). Amas a justiça e odeias a iniquidade; por isso Deus, o teu Deus, escolheu-te dentre os teus companheiros, ungindo-te com óleo de alegria". Jesus Cristo é o ser mais feliz do Universo. Sua alegria é maior que a alegria de todos so anjos do céu. Ele espalha perfeitamente o júbilo infinito, santo e incontido de seu Pai.
Outra vez, em Atos 2.25-31, Pedro interpreta o salmo 16 para referir-se a Cristo: "Eu sempre via o Senhor diante de mim. Porque ele está à minha direita, não serei abalado. Por isso o meu coração está alegre e a minha língua exulta (...) porque tu não me abandonarás no sepulcro, nem permitirás que o teu Santo sofra decomposição. (...) e me encherás de alegria na tua presença'". O Cristo ressurreto afastará as sombras da morte e se alegará com a verdadeira alegria de Deus. A glória de Cristo é sua alegria infinita, eterna e indestrutível na presença de Deus.
Mas se não é glorioso ser triste, também não glorioso ser indiferente. A alegria despreocupada de um salão de baile e a alegria irreprimível em um gulag russo não são iguais. Uma é banal, a outra é triunfante. Uma é indiferente, a outra é gloriosa. Há um sorriso artificial que nunca soube o que significa sofrimento. E isso não é digno de um bom pastor ou de um grande Salvador. E Cristo é um grande Salvador.
Por conseguinte, esse homem de alegria indestrutível foi "um homem de dores e experimentado no sofrimento" (Is 53.3). "...A minha alma está profundamente triste, numa tristeza mortal. Fiquem aqui e vigiem comigo" (Mt26.38). Esse "grande sumo sacerdote" é capaz de compadecer-se de nossa fraqueza, porque sofreu todo tipo de provação como um homem igual a nós (Hb 4.14,15). Ele chorou com os que choravam (Jo 11.35) e alegrou-se com os que se alegravam (Lc 10.17,21). Ele teve fome (Mt 4.2), sentiu cansaçõ (Jo 4.6), foi abandonado (Mt 26.56), traído (Mt 26.45), açoitado (Mt 27.26), sofreu zombaria (Mt 27.31) e foi crucificado (Mt 27.35).
Alegria incontida não significa que existe apenas alegria. Será, então, que Cristo teve os seus sentimentos divididos entre a alegria e a tristeza ? Poderia uma alma infinitamente gloriosa ser atormentada ? atormentada, sim, mas não dividida e desunida. Cristo foi complexo, mas não foi perturbado. Havia notas divergentes na música de sua alma, mas o resultado foi uma sinfonia. A complexa estratégia de guerra de um general pode dar ao inimigo um triunfo temporário, mas a grande vitória será do general. Não existe nenhum sinal de pertubação na mente do general, a não ser na imaginação daqueles que estão vendo apenas uma do campo de batalha. Mas a glória é do general. O oceano Pacífico pode estar sendo atormentado por tempestades e vendavais, mas, visto de cima, a uma altura de 160 quilômetros, nota-se apenas uma imensa quantidade de águas profundas, calmas e gloriosas.
Nos momentos de agonia no Getsêmani e no Gólgota, Jesus foi sustentado por uma alegria indestrutível. "... Ele, pela alegria que lhe fora proposta, suportou a cruz, desprezando a vergonha, e assentou-se à direita do trono de Deus" ( Hb 12.2). E qual foi essa alegria que o sustentou ? Foi a aleria de receber a adoração daqueles por quem ele morreu, a fim de que se alegrassem em Deus. O Bom Pastor alegra-se quando encontra uma ovelha perdida (Mt 18.13). Imagine como ele se alegra quando encontra exércitos incontáveis de almas resgatadas !
Será que existe aqui uma lição sobre a forma pela qual devemos sofrer ? Você já notou que não devemos apenas imitar o sofrimento do Senhor, mas também a alegria do Senhor no sofrimento ? Paulo disse aos tessalonicenses: " De fato, vocês se tornaram (...) imitadores (...) do Senhor, pois, apesar de muito sofrimento, receberam a palavra com alegria que vem do Espírito Santo" ( 1 Ts 1.6). Foi a alegria do Senhor na aflição que alimentou aquela jovem igreja.
Este é o chamado para nós em nossos dias. Será que aceitaremos sofre pela causa de Cristo ? Não com tristeza, mas simplesmente sofrendo. Será que atenderemos ao chamado registrado em Hebreus 13.13: "Portanto, saiamos até ele, fora de acampamento, suportando a desonra que ele suportou"? A resposta está nesta questão: A cidade de Deus é mais desejável para nós que a cidade do homem? Será que responderemos: "Não temos aqui nenhuma cidade permanente, mas buscamos a que há de vir" (Hb 13.14)? Ou nos apegaremos aos tesouros transitórios do Egito ( Hb 11.25,26) ?
Para aqueles que têm provado a alegria de Jesus, não existe nada mais convincente do que a esperança inigualável de ouvir sua palavra final: "Muito bem, servo bom e fiel! (...) Venha e participe da alegria do seu senhor!" (Mt 25.21). A cidade de Deus é uma cidade de alegria. E essa alegria é a alegria indestrutível de Cristo.
transcrito do Livro: Um homem chamado JESUS CRISTO - John Piper - Editora Vida pg 37- 42
Se você for resgatado por um salva-vidas das águas turbulentas do Oceano Atlântico, nao vai querer saber se ele se sente ou não triste. Quando estiver abraçando sua família na praia, não vai se preocupar com a saúde mental daquele que o salvou de um afogamento. Mas com a salvação que nos é concedida por Jesus, as coisas são bem diferentes. jesus não nos salva para nossa família, mas para ele mesmo. E se ele estiver entristecido, nossa salvação não nos trará alegria. Não será para nós uma grande salvação.
O próprio Jesus - e tudo o que Deus representa para nós por meio dele - é nossa grande recompensa, e ponto final. "Eu sou o pão da vida..." (...) "... Se alguém tem sede, venha a mim e beba" ( Jo 6.35; 7.37). A salvação não significa apenas perdão de pecados, mas, acima de tudo, comunhão com Jesus (1 Co 1.9). O perdão tira todos os empecilhos do caminho para que isso possa acontecer. Se essa comunhão não for plenamente prazerosa, não haverá grande salvação. Se Cristo estiver triste, ou até mesmo indiferente, a eternidade não passará de um longo, longo suspiro.
Mas a glória e a graça de Jesus nos mostram que ele é, e sempre será, uma alegria indestrutível. Eu digo glória de Jesus porque a tristeza não é gloriosa. E digo graça de Jesus porque a melhor coisa que ele tem para nos dar é a sua alegria. "Tenho lhe dito esta palavras para que a minha alegria esteja em vocês e a alegria de vocês seja completa" (Jo 15.11 - v. também 17.13; grigo do autor). Jesus não seria totalmente misericordioso se simplesmente aumentasse minha alegria até o seu ponto máximo e, depois, deixasse de conversar dentro de mim essa alegria. Assim, além de se oferecer para ser o objeto divino de minha alegria, Cristo derrama sua própria alegria em meu ser, para que eu possa alegrar-me nele com a verdadeira alegria de Deus. Isto é glória, isto é graça.
Não é glorioso ser triste. E Cristo nunca foi triste. Desde a eternidade, ele tem sido o espelho da infinita jovialidade de Deus. A sabedoria de Deus proferiu estas palavras em Provérbios 8.30 "... eu estava ao seu lado, e era o seu arquiteto; dia a dia eu era o seu prazer e me alegrava continuamente com a sua presença". O Cristo eterno, a alegria de Deus e igualmente autor da criação, estava sempre se alegrando na presença de Deus. Essa afirmação se repete dias vezes no Novo Testamento.
Em Hebreu 1.8,9 Deus diz ao Filho, não aos anjos, estas palavras maravilhosas: "O teu trono, ó Deus, subsiste para todo o sempre (...). Amas a justiça e odeias a iniquidade; por isso Deus, o teu Deus, escolheu-te dentre os teus companheiros, ungindo-te com óleo de alegria". Jesus Cristo é o ser mais feliz do Universo. Sua alegria é maior que a alegria de todos so anjos do céu. Ele espalha perfeitamente o júbilo infinito, santo e incontido de seu Pai.
Outra vez, em Atos 2.25-31, Pedro interpreta o salmo 16 para referir-se a Cristo: "Eu sempre via o Senhor diante de mim. Porque ele está à minha direita, não serei abalado. Por isso o meu coração está alegre e a minha língua exulta (...) porque tu não me abandonarás no sepulcro, nem permitirás que o teu Santo sofra decomposição. (...) e me encherás de alegria na tua presença'". O Cristo ressurreto afastará as sombras da morte e se alegará com a verdadeira alegria de Deus. A glória de Cristo é sua alegria infinita, eterna e indestrutível na presença de Deus.
Mas se não é glorioso ser triste, também não glorioso ser indiferente. A alegria despreocupada de um salão de baile e a alegria irreprimível em um gulag russo não são iguais. Uma é banal, a outra é triunfante. Uma é indiferente, a outra é gloriosa. Há um sorriso artificial que nunca soube o que significa sofrimento. E isso não é digno de um bom pastor ou de um grande Salvador. E Cristo é um grande Salvador.
Por conseguinte, esse homem de alegria indestrutível foi "um homem de dores e experimentado no sofrimento" (Is 53.3). "...A minha alma está profundamente triste, numa tristeza mortal. Fiquem aqui e vigiem comigo" (Mt26.38). Esse "grande sumo sacerdote" é capaz de compadecer-se de nossa fraqueza, porque sofreu todo tipo de provação como um homem igual a nós (Hb 4.14,15). Ele chorou com os que choravam (Jo 11.35) e alegrou-se com os que se alegravam (Lc 10.17,21). Ele teve fome (Mt 4.2), sentiu cansaçõ (Jo 4.6), foi abandonado (Mt 26.56), traído (Mt 26.45), açoitado (Mt 27.26), sofreu zombaria (Mt 27.31) e foi crucificado (Mt 27.35).
Alegria incontida não significa que existe apenas alegria. Será, então, que Cristo teve os seus sentimentos divididos entre a alegria e a tristeza ? Poderia uma alma infinitamente gloriosa ser atormentada ? atormentada, sim, mas não dividida e desunida. Cristo foi complexo, mas não foi perturbado. Havia notas divergentes na música de sua alma, mas o resultado foi uma sinfonia. A complexa estratégia de guerra de um general pode dar ao inimigo um triunfo temporário, mas a grande vitória será do general. Não existe nenhum sinal de pertubação na mente do general, a não ser na imaginação daqueles que estão vendo apenas uma do campo de batalha. Mas a glória é do general. O oceano Pacífico pode estar sendo atormentado por tempestades e vendavais, mas, visto de cima, a uma altura de 160 quilômetros, nota-se apenas uma imensa quantidade de águas profundas, calmas e gloriosas.
Nos momentos de agonia no Getsêmani e no Gólgota, Jesus foi sustentado por uma alegria indestrutível. "... Ele, pela alegria que lhe fora proposta, suportou a cruz, desprezando a vergonha, e assentou-se à direita do trono de Deus" ( Hb 12.2). E qual foi essa alegria que o sustentou ? Foi a aleria de receber a adoração daqueles por quem ele morreu, a fim de que se alegrassem em Deus. O Bom Pastor alegra-se quando encontra uma ovelha perdida (Mt 18.13). Imagine como ele se alegra quando encontra exércitos incontáveis de almas resgatadas !
Será que existe aqui uma lição sobre a forma pela qual devemos sofrer ? Você já notou que não devemos apenas imitar o sofrimento do Senhor, mas também a alegria do Senhor no sofrimento ? Paulo disse aos tessalonicenses: " De fato, vocês se tornaram (...) imitadores (...) do Senhor, pois, apesar de muito sofrimento, receberam a palavra com alegria que vem do Espírito Santo" ( 1 Ts 1.6). Foi a alegria do Senhor na aflição que alimentou aquela jovem igreja.
Este é o chamado para nós em nossos dias. Será que aceitaremos sofre pela causa de Cristo ? Não com tristeza, mas simplesmente sofrendo. Será que atenderemos ao chamado registrado em Hebreus 13.13: "Portanto, saiamos até ele, fora de acampamento, suportando a desonra que ele suportou"? A resposta está nesta questão: A cidade de Deus é mais desejável para nós que a cidade do homem? Será que responderemos: "Não temos aqui nenhuma cidade permanente, mas buscamos a que há de vir" (Hb 13.14)? Ou nos apegaremos aos tesouros transitórios do Egito ( Hb 11.25,26) ?
Para aqueles que têm provado a alegria de Jesus, não existe nada mais convincente do que a esperança inigualável de ouvir sua palavra final: "Muito bem, servo bom e fiel! (...) Venha e participe da alegria do seu senhor!" (Mt 25.21). A cidade de Deus é uma cidade de alegria. E essa alegria é a alegria indestrutível de Cristo.
transcrito do Livro: Um homem chamado JESUS CRISTO - John Piper - Editora Vida pg 37- 42
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