A espiritualidade é compreendida como algo transcendente e está relacionada ao propósito da
vida, com a concepção de que há mais na vida do que aquilo que pode ser visto ou plenamente
entendido. Ainda nela se consideram os aspectos que podem mobilizar energias e iniciativas
extremamente positivas, com potencial ilimitado para melhorar a vida da pessoa(1)
.
Neste contexto, a espiritualidade é um tema que vem chamando a atenção dos profissionais
da saúde no que se refere ao cuidado humano, pelo fato der as pesquisas demonstrarem que este
pode ser um caminho para melhorar a qualidade de vida dos enfermos, assim como estimular
maior rapidez no processo de cura ou enfrentamento das doenças (2). Então, aí se
encontra a força da espiritualidade como um instrumento de promoção em saúde que permite
superar os limites do conhecimento científico da biomedicina, a qual não consegue responder às
múltiplas dimensões do ser humano, como as físicas, as psíquicas, as sociais e as espirituais (3)
Para viver a espiritualidade no mundo do trabalho torna-se relevante, conhecer a influência
do modelo biomédico na assistência em saúde, compreendendo conscientemente os
constituintes do seu processo de trabalho, o qual fornece subsídios para a equipe prestar cuidados
que supram as necessidades e anseios do seu objeto de trabalho em todos os seus aspectos. O
processo de trabalho dos profissionais de saúde tem como finalidade a ação terapêutica de saúde,
e como objeto, o indivíduo ou grupos doentes, sadios ou expostos a risco que necessitam de
medidas curativas ou paliativas, de preservação da saúde ou de prevenção de doenças; e como
instrumental de trabalho, os instrumentos e as condutas que representam o nível técnico do
conhecimento, que é o saber em saúde e cujoproduto final é a própria prestação da assistência
de saúde, a qual é produzida no mesmo momento em que é consumida(4)
.
Em face desses elementos do trabalho em saúde apresentados, também neste estudo é
imperativo entender que a força de trabalho constitui-se de uma equipe interdisciplinar que
atua em cuidado paliativo ao seu objeto de trabalho, que é o ser humano portador de câncer
terminal. Desta maneira, a investigação está pautada na busca pela espiritualidade presente na
equipe como forma de enfrentamento da doença, com a intenção de minimizar o sofrimento ou
obter maior esperança de cura com o tratamento(5)
. Cabe esclarecer que os cuidados paliativos prestados por esta equipe de saúde são um
conjunto de atos multiprofissionais que têm por objetivo efetuar o controle dos sintomas do
corpo, da mente, do espírito e do social que afligem o ser humano que é acometido por
câncer e se encontra em processo de morte. Além disso, evidencia-se a necessidade de o
grupo de multiprofissionais atuar de modo interdisciplinar, para atender às diferentes
condições de saúde da pessoa que vivencia a sua finitude, pois esses indivíduos, que vivem crises
subjetivas intensas e mergulham profundamente nas dimensões inconscientes, elaboram novos
significados para suas vidas, sendo capazes de mobilizá-los na difícil tarefa de reorganização
do sobreviver exigida para a conquista da saúde(3)
.Cumpre ressaltar que o sucesso da proposta de trabalho interdisciplinar na saúde irá
depender do reconhecimento da interdependência entre os profissionais, porque
isso pode significar reconhecer os próprios limites e a necessidade de inventar caminhos e
soluções que estão além do saber e competência de cada um. Se esta é a dificuldade, esta é
também a grande força motriz, uma vez que o trabalho criativo é muito mais saudável e prazeroso(6)
.Quando foi criado o Programa de Internação Domiciliar Interdisciplinar (PIDI) Oncológico,
estes profissionais sabiam que assistir pessoas em fase de cuidados paliativos seria um grande
desafio, porém não imaginavam que haveria a necessidade de ir tão profundamente à
existência humana, prestar a assistência espiritual. A realidade é que, a partir do
momento em que os usuários do programa e suas famílias criam vínculos afetivos com os
profissionais, começam a surgir os questionamentos e a solicitação de respostas nas
mais diversas dimensões da vida humana (7). É diante destas circunstâncias que a equipe do
PIDI procura reconhecer as potencialidades de suporte demonstradas no ambiente familiar, a
necessidade de aprimorar a discussão entre os profissionais e a busca de embasamento teórico
e científico em estudos publicados sobre o tema espiritualidade.
Desta forma, este estudo teve por objetivo conhecer o significado de espiritualidade para a
equipe interdisciplinar do PIDI Oncológico, que atende o ser humano portador de câncer em
cuidados paliativos
http://eduem.uem.br/ojs/index.php/CiencCuidSaude/article/view/15689/pdf
* Enfermeira do Programa de Internação Domiciliar Interdisciplinar da Universidade Federal de Pelotas (UFPel). Mestranda do Programa de
Pós-Graduação da Faculdade de Enfermagem e Obstetrícia da UFPel. E-mail: Isa_arrieira@hotmail.com
** Enfermeira. Doutora em Enfermagem. Professora da Faculdade de Enfermagem e Obstetrícia da UFPel. E-mail: mairabt@ufpel.tche.br
*** Acadêmica de Enfermagem do Nono Semestre da Faculdade de Enfermagem e Obstetrícia da UFPel. Bolsista PIBIC/CNPq. E-mail:
adrizeporto@gmail.com
**** Acadêmica de Enfermagem do Nono Semestre. Faculdade de Enfermagem e Obstetrícia da UFPel. E-mail: jspalma@hotmail.com
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